Caso aconteceu em bar da Mooca, zona leste de SP. Há indícios de abuso sexual. Dono do local afirmou que o primo e gerente do estabelecimento, Willy Gorayeb Liger, confessou o assassinato, sugeriu que sumiria com o corpo da vítima, Débora Soriano de Melo, e pediu que não o denunciasse à polícia
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Débora Soriano de Melo, de 23 anos, foi morta na manhã do último dia 14 de dezembro em um bar da Mooca, zona leste de São Paulo. De acordo com a Polícia Civil, testemunhas afirmaram que um homem que havia chegado com Débora no local na noite do dia anterior matou a jovem ao golpeá-la na cabeça com um taco de beisebol.
Evangélica, Débora deixa os pais, dois filhos e amigos. Ela estava solteira e era militante feminista. A jovem integrava e apoiava movimentos sociais ligados à luta das mulheres em São Paulo, como a UJS (União da Juventude Socialista) e a UBM (União Brasileira de Mulheres). Nascida em Cáceres, no Mato Grosso, ela morava no bairro de Vila Nova Curuçá, na zona leste da capital paulista. A jovem estudou Processos Gerenciais na Faculdade Carlos Drummond de Andrade.
Quem foi ao 18º Distrito Policial, no Alto da Mooca, registrar a ocorrência foi o comerciante e dono do bar, Delano Ruiz Liger, de 34 anos. Ele acusou seu primo, Willy Gorayeb Liger, de 27 anos, de ter assassinado Débora. Willy trabalhava como gerente no estabelecimento, localizado na rua Aparaju.
Segundo a Polícia Civil, Delano informou que, por volta das 7h30 daquele dia, uma quarta-feira, recebeu uma ligação de Willy afirmando que ia ao bar com duas garotas. Duas horas depois, o dono do bar foi ao local para retirar engradados de cerveja do dia anterior. Quando chegou lá, viu Willy, Débora, uma outra moça e outros dois homens. Todos estavam sentados e Willy ainda o ajudou a colocar os engradados no carro.
Depois disso, Delano pediu que o encontro entre as cinco pessoas terminasse. Por volta das 12h, Willy voltou a ligar ao primo. O gerente do bar afirmou que havia “perdido a cabeça” e matado uma moça dentro do local. O dono disse à polícia que ficou desesperado e começou a pedir para que Willy tentasse salvar a vida da garota, sugerindo até que ele fizesse respiração boca a boca.
Ainda segundo Delano, Willy afirmou “de forma calma”, que não adiantava mais, que a garota já estava morta. Ele explicou que golpeou a jovem na cabeça com um taco de beisebol e pediu para o primo não abrir o bar durante o dia, afirmando que tinha o interesse de sumir com o corpo da vítima.
Apavorado, Delano foi para sua casa e conversou com sua esposa. Enquanto estava lá, recebeu vários telefonemas de Willy, que lhe pedia para não abrir o bar e nem relatar o caso à polícia. Por volta das 14h, o dono do bar ligou para outro primo, que é policial civil. Ele foi até a casa de Delano. Lá, eles decidiram que deveriam acionar um advogado e ir até a delegacia. O BO foi registrado no 18º DP às 17h23.
Assim que o caso foi comunicado na delegacia, policiais foram com as testemunhas até o bar. Quando Delano abriu a porta, havia algumas manchas de sangue entre a saída e o depósito. Na parte debaixo do local, o corpo de Débora estava lá. Havia hematomas nas partes íntimas, rosto e cabeça. Seu pescoço tinha fios enrolados.
Débora estava sem calcinha e com a saia levantada na altura do quadril. Vestia sutiã e estava com a blusa levantada acima do peito. Com fortes indícios de que, além de assassinada, Débora foi vítima de violência sexual, foram solicitados exames sexológico, toxicológico e subunguial.
Na cozinha do bar, apoiado na grelha da churrasqueira, havia um bastão preto. A suspeita é de que ele tenha agredido a moça com esse bastão. Escondido embaixo do balcão, atrás de caixas de cerveja, estavam os documentos de Débora, dentro de uma mochila.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, Willy já era procurado pela polícia. Ele tinha um mandado de prisão em aberto, porque respondia pelos crimes de estupro e de roubo. Além de procurar Willy, a polícia quer ouvir os dois rapazes e a outra garota que estavam no bar na manhã daquele dia 14. Willy está foragido.
Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública), não se posicionou sobre o crime até a publicação da reportagem. A reportagem questionou a assessoria de imprensa da SSP, terceirizada pela empresa CDN, não respondeu quando e como Willy foi preso por estupro e roubo e se ele já foi identificado.