O projeto de Lei do Deputado Paulo Paim (PT-RS) que procura regular a disposição racial e étnica na TV, determinando quotas mínimas para negros e pardos em filmes e peças publicitárias motivou editorial do jornal A Folha de São Paulo de 02 de abril último sob o título Problemas de Raça. Nesse, o jornal reconhece a sub-representação dos negros em filmes e peças publicitárias e a necessidade de se combater essa sub-representação mas adverte que a reversão desse quadro não pode se dar a “golpes de caneta” como parecer ser o entendimento do jornal sobre o referido projeto, sobretudo porquanto entende o jornal haver dificuldades para a implantação de políticas de ação afirmativa no Brasil em função da dificuldade de se definir quem seja negro Brasil sobretudo quando segundo o jornal, “Na verdade o projeto se refere a afro-descendentes . Se o termo deve ser entendido em sentido amplo, é importante registrar que recentes pesquisas indicam que 60% dos brancos brasileiros têm, pela mãe, ascendência negra ou indígena”.
Por Sueli Carneiro
De fato, a nossa tradição cultural ao contrário da norte-americana diz que uma gota de sangue branco.
Mas sobretudo opera contra a valorização da diversidade racial e étnica do país estabelecendo a hegemonia de brancos preferencialmente com biotipo ariano e impondo um ideal estético para o conjunto da sociedade; estimulando a alienação dos diferentes desse padrão.
O editorial da Folha de São Paulo recoloca um assunto recorrente quando se discute as relações raciais no Brasil e sobretudo quando se debate ações concretas voltadas para a diminuição ou erradição da desigualdades raciais.
Para exemplificar a pobreza, a miséria, a delinquência, os meios de comunicação de massa são pródigos em exibir pessoas negras. Nesses casos todos os reconhecem e sabem perfeitamente onde encontrá-los.
É um velho argumento que via de regra conduz a uma situação de imobilismo: se não é possível definir quem é negro como implementar políticas específicas para esse segmento? Essa é a realidade estatística que se permite ao negro como referido em nosso último artigo nesse espaço, mas que para a aquisição de títulos universitários, os pesquisadores também não tem encontrado maiores dificuldades para definí-los. Diga-se de passagem que muitos dos principais intelectuais do países começaram as suas carreiras acadêmicas tendo o negro como objeto de pesquisa. Aliás historicamente, o negro vem sendo um dos principais objetos de pesquisa das ciências humanas do Brasil. A partir dos anos 70 um consenso entre intelectuais e ativistas da causa racial que se expressam no quesito cor utilizado pela maioria dos e levantamentos censitários do país. O termo negro designa a somatória dos grupos designados pelo IBGE por pretos e pardos, conjunto que mais recentemente vem sendo definido como afrodescendentes.
Portanto já que nesse caso não nos adianta pedir ajuda aos universitários, sugerimos que policiais sejam integrados as equipes encarregadas de desenhar políticas de ação afirmativa como forma de assegurar que a plena identificação do público alvo a ser atingido por políticas que tenham por objetivo a superação do aprtheid racial que caracteriza o país.
Para além do problema de definir o negro ou o pardo, o projeto peca por apenas estabelecer normas quantitativas. Diz que em programas e filmes, as imagens de afro-descendentes devem representar 25% do total de artistas ou figurantes e, em peças publicitárias, 40%. Não há nenhuma referência á questão qualitativa.
Então, evidentemente, a propaganda não pode inovar, a propaganda não é nunca revolucionária, a propoaganda pode até fazer proselitismo de revolução, mas tem de usar ignos já conhecidos, para que não há dispersão, para que não perca a atenção, a concentração e o reconhecimento das pessoas. (Edney Narchi)
a ética social é definidora do padrão e da forma como o produto de comunicação se faz presente na sociedade.
Qual será o papel da mídia na construção desse novo imaginário.