A matança indiscriminada começou horas depois que o avião do presidente ruandês hutu Juvénal Habyarimana foi derrubado. Habyarimana retornava de Arusha (Tanzânia) onde realizava negociações de paz com a rebelião da Frente Patriótica Ruandesa (FPR). Os extremistas hutu usaram o acidente como pretexto para chegar ao poder e promover o massacre.
O empresário suíço Claude Sonier conseguiu fugir com a mulher, de origem tutsi e os três filhos do casal. Sonier contou que viu homens, mulheres e crianças serem queimadas vivas em valas cobertas por pneus em chamas. A sogra de Sonier foi uma das vítimas da violência. Os tutsi foram mortos nas ruas, dentro de suas casas, e até mesmo em igrejas e escolas, onde se refugiaram.
Autoridades ruandesas acusaram a comunidade internacional de ter ignorado a tragédia, que se desenrolava no país, e os pedidos de socorro para deter o massacre. As forças de paz resgataram os estrangeiros brancos e abandonaram os ruandeses à própria sorte. A Bélgica resolveu retirar suas tropas depois que soldados da força da ONU foram mortos no país. Na colina de Nyanza, milhares de pessoas foram massacradas depois de o contingente belga da ONU, que as protegia bateu em retirada.
Um relatório de 500 páginas elaborado pelo Ministério da Justiça de Ruanda acusa a França de cumplicidade com os extremistas. Antes de eclodir o massacre, a França forneceu armas e equipamentos aos hutus Sobreviventes do genocídio acusam as tropas francesas incumbidas de proteger os tutsi de os entregar aos inimigos para serem mortos. Em 1998, uma investigação parlamentar francesa inocentou as autoridades do país de toda responsabilidade pelas mortes.
Os Tutsi retomam o poder
A França participou da retomada do país com a Frente Patriótica Ruandesa (RPF), dominada por tutsis. Em 4 de julho a RPF entrou na capital Kigali, enquanto tropas francesas ocuparam o sudoeste do país.
A operação forçou o êxodo de 2 milhões de hutus, que temiam retaliações, para países vizinhos, como o Congo.
Em novembro de 1994, a ONU criou um Tribunal Penal International para Ruanda, em Arusha. Quatro anos mais tarde, a corte pronunciou suas primeiras penas de prisão perpétua e incluiu o estupro e a violência sexual entre os atos de genocídio.