Era 1934 e grande parte do mundo sofria a duras penas as consequências do nazismo. Em contrapartida, neste mesmo ano, Jesse Owens ajudava a mostrar, para quem quisesse ver, que havia algo errado nas teorias de Hitler a respeito da superioridade da raça ariana. E, na terra do “Führer”, Owens, o atleta negro e norte-americano, conquistava um total de quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Berlim.
por Rariana Pinheiro, no Diário da Manhã
Ele foi o melhor nas corridas de 100 e 200 metros rasos, no salto em distância e no revezamento 4×100 metros. “É difícil imaginar como me sinto feliz. Pareceu-me que quando corria eu possuía asas. O entusiasmo esportivo dos espectadores alemães me causou profunda impressão, especialmente a atitude cavalheiresca da assistência. Podem dizer a todos que agradecemos a hospitalidade germânica”, disse emocionado o atleta ao final da primeira corrida.
Mas, o mesmo ele não podia dizer do líder supremo da Alemanha. Não mesmo. Diz a lenda que Hitler não quis entregar as medalhas, nem cumprimentar o atleta. No entanto, é verdade ainda, que neste ponto existam controversas. Muitos garantem que o ditador deixou de entregar apenas uma das quatro láureas do atleta americano – segundo o tabloide inglês Daily Mail, existiria até uma foto comprovando o momento.
Talvez seja por este motivo, que o Owens contou em sua biografia se sentir mais magoado, com o presidente americano da época, Franklin Delano Roosevelt – que após as olimpíadas não lhe mandou sequer um telegrama –, do que com o próprio Hitler.
Fato este que traduzia a grande segregação social que também vivia o país norte-americano. Preconceito que Owens sofreu até mesmo consagrado como um dos maiores atletas de todos os tempos. Em um evento na Casa Branca, por exemplo, enquanto seus companheiros entravam pela porta da frente, ele era obrigado a entrar pelos fundos. E quando viajava com a equipe muitas vezes era obrigado ainda a ficar em “hotéis para negros”.
Breve biografia
James Cleveland Owens nasceu no dia 12 de setembro de 1913, em Oakville, Alabama, nos Estados Unidos. Era o filho mais novo das três meninas e sete meninos do casal Henry Cleveland Owens e Emma Mary Fitzgerald. Criança – já fugindo da segregação racial do sul dos Estados Unidos – se mudou para Ohio. O apelido chegou após um professor ter se confundido com o forte sotaque do sul do futuro atleta. Ao respondeu “JC”, como era conhecido, o professor entendeu “Jesse”.
Desde cedo descobriu a paixão pelas corridas, que foi incentivada pelo técnico Chaler Riley, que o treinava nas horas vagas que dividia com a vida de estudante e o emprego em uma sapataria. Quando entrou na Universidade de Chicago começou a quebrar recordes nacionais e, logo a careira deslanchou. Ele morreu aos 66 anos, após não resistir às complicações derivadas de um câncer de pulmão.