O jogo exibição da última sexta-feira, em São Paulo, entre Caroline Wozniacki e Maria Sharapova se transformou em debate sobre racismo nos Estados Unidos.
A crítica cai sobre a brincadeira que a dinamarquesa ex-número um do mundo fez ao imitar Serena Williams em um dos últimos pontos da partida contra Sharapova.
Wozniacki usou duas toalhas, uma por dentro do top e outra debaixo da saia, para simular um corpo que seria parecido com a da tenista americana. A dinamarquesa também gritou e comemorou o ponto, vencido por ela, como se fosse Serena.
O público riu, assobiou (“fiu, fiu”) e aplaudiu. Sharapova se divertiu também. A brincadeira fazia parte da festa no ginásio do Ibirapuera. Até o suíço Roger Federer, anfitrião da turnê dos tenistas, sorriu no momento. O jogo também teve danças e outras piadas.
As exibições que costumam não repercutir pela ausência de importância do jogo, no entanto, virou uma bola de neve de críticas nos Estados Unidos.
As acusações começaram em um blog feminista de nome Jezebel, passou para uma revista chamada “Ebony” e alcançou a elevada audiência do programa matinal “The View”, da ABC, esta semana.
Os questionamentos? “Serena é uma das melhores tenistas do mundo e sua importância é reduzida ao seu corpo?”, publicou o blog. “Não é engraçado e talvez seja um pouco racista”, definiu a autora, que destaca o fato de Sharapova e Wozniacki serem duas tenistas “brancas, loiras e magras”.
Para a revista “Ebony”, “não há graça em fazer piada com o corpo cheio de curvas de uma mulher negra”. Porém, o próprio texto lembra que a dinamarquesa já havia imitado a americana em dezembro de 2011. Sem consequências.
Um blog do “New York Times”, um dos jornais mais importantes e respeitados do mundo, tratou do assunto nesta quinta-feira. A repercussão aconteceu depois que um famoso programa da TV americana tratou do assunto.
No “The View”, Sherri Shepherd e Whoopi Goldberg criticaram a atitude de Wozniacki. “Serena foi reduzida a isso?”, perguntou a primeira. “Por que Serena? É pela cor dela?”, questionou a segunda.
O texto do “New York Times” lembra que as tenistas são amigas, e que Wozniacki visitou Serena quando a americana ficou afastada das quadras por um problema de saúde no ano passado.
As tenistas já haviam comentado sobre a amizade delas no Brasil, mesmo sem a polêmica ter vindo à tona no período em que estiveram em São Paulo.
Afinal, no tênis, principalmente nestes jogos que não valem pontos no ranking, nas exibições ou até mesmo em dias de treino antes de grandes eventos, é comum ver tenistas imitando manias, formas de jogar ou atitudes curiosas dos outros em quadra. E não é de hoje.
O número um do mundo, Novak Djokovic, também é líder mundial em imitações. Ele não perdoa Rafael Nadal, Maria Sharapova e, mais recentemente, em duelo contra Gustavo Kuerten, no Rio, jogou com peruca e trejeitos bem típicos do tenista brasileiro. Guga adorou a homenagem. Outros tenistas costumam curtir a brincadeira. Parece que parte dos americanos é que não gostaram da imitação de sua principal tenista da atualidade.
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Fonte: Primeira Edição