Inclusão não é favor

Ações de promoção da equidade racial devem ser respeitadas e fomentadas num país racista como o Brasil

A jornalista Ana Cristina Rosa é Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública) - Foto: Keiny Andrade/Folhapress

Inclusão não é favor. Inclusão é direito! Essa é a principal razão pela qual ações voltadas à promoção da equidade racial devem ser respeitadas, defendidas e fomentadas num país racista como o Brasil.

Nos últimos anos, temos presenciado o aumento de iniciativas para ampliar a inserção social de pretos, pardos e indígenas. O cenário, fruto da ação de movimentos sociais, ainda é tímido se comparado ao nível das desigualdades raciais vigentes. No entanto, tem se mostrado suficiente para provocar irresignação entre quem não convive bem com a ideia de compartilhar direitos que, na prática, sempre constituíram privilégios de uns poucos.

O presidente Lula (PT) participa, ao lado de vários ministros, da cerimônia de sanção da Nova Lei de Cotas, no Palácio do Planalto – Pedro Ladeira – 13.nov.23/Folhapress

Nesse sentido, ações afirmativas que têm surtido resultados efetivos —caso das cotas raciais— têm sido atacadas, tratadas como injustiça ou até favor.

Sob a perspectiva histórica e o contexto socioeconômico contemporâneo, trata-se de um contrassenso numa nação que ao longo de séculos optou por dar as costas aos descendentes de escravizados.

Contudo, em nome de um imaginário “prejuízo aos pobres”, há quem ignore tanto o passado quanto o presente para vislumbrar um cenário alheio à realidade nacional. Não só porque a maioria da população que está na linha da pobreza —ou abaixo dela— é negra. Mas sobretudo por desconsiderar que uma sociedade racista impõe um ônus a pretos e pardos.

Ações afirmativas precisam ser analisadas pelo ganho social que representam. Por incrível que pareça, os percalços suportados por um negro pobre e um branco pobre não são os mesmos.

Com as cotas raciais, pela primeira vez uma política pública voltada à população afrodescendente vem apresentando resultados efetivos e mensuráveis. A presença notável de pretos e pardos em bancos acadêmicos serve de exemplo e prova que essas cotas têm potencial para frear o processo de exclusão institucionalizado contra negros ao longo da nossa história. Ainda assim, há quem trate a solução como problema.

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