Indústria de cosméticos da Bahia cresce apenas 3%

Fonte: A tarde On Line

A indústria de cosméticos da Bahia conseguiu superar a fase mais aguda da crise financeira internacional graças ao foco da produção voltado para o público afrodescendente. O setor cresceu 3% no primeiro semestre, de acordo com estimativas do Sindicato das indústrias de Cosméticos e Perfumaria do Estado da Bahia (Sindicosmetic).

Bem menos que os 18% da média nacional. Mas para quem teve de enfrentar dificuldades de acesso a crédito, aumento da inadimplência e cancelamentos dos pedidos de novos produtos em grandes redes, vale o alívio de ter sobrevivido ao pior.

Os produtos para cabelos cacheados, com megahair, tranças, dreads ou rastas são os principais responsáveis pela sobrevivência de 42 empresas legalmente constituídas ou em fase de instalação.

“Se levarmos em conta que a informalidade é muito forte neste setor, principalmente no interior do Estado, pode-se chegar ao dobro disso”, calcula o presidente do Sindicosmetic, Jecê Macedo de Oliveira.

Esta indústria, que fatura R$ 70 milhões por ano, emprega atualmente 1,5 mil pessoas diretamente, de acordo com o sindicato. Os empregos indiretos somam cinco mil postos, levando-se em conta as vendas diretas, principal forma de comercialização da produção.

Nos últimos anos, a Bahia vinha comemorando um crescimento anual bem superior ao do Brasil. Em apenas quatro anos, entre 2005 e 2008, o número de indústrias em atividade dobrou, passando de 21 para 42 unidades. No mesmo período, o segmento cresceu 24% em todo o território nacional, chegando ao número de 1,7 mil empresas.

“Neste segmento, a Bahia e o Nordeste sempre cresceram mais que o Brasil”, ressalta Oliveira, em relação à jovem indústria de cosméticos baiana. As duas primeiras indústrias do setor foram criados há 15 anos.

“Muitos empresários passaram por uma situação bastante difícil por conta da rigidez no mercado de crédito”, lembra o presidente do Sindicomestic, Jecê Macedo de Oliveira, explicando que este cenário tornou a parte financeira do negócio mais difícil que antes.

Há cinco anos, Anita do Nascimento, 39 anos, sustenta a família com unicamente com a renda obtida na venda direta. “Estou trabalhando com cosméticos há 10 anos, mas só há cinco deixei meu antigo emprego para investir no negócio”, lembra. Hoje é a principal fonte do sustento da família, com uma renda que chega aos R$ 2 mil por mês. “Meu marido trabalha assalariado e ganha salário mínimo”, diz.

Consumo local – Em um mercado dominado por gigantes multinacionais, a melhor alternativa que o setor produtivo encontrou para crescer foi a aposta no mercado afrodescendente. “Se nós tentarmos competir com as multinacionais nas vendas de xampus e condicionadores para o público em geral teremos dificuldades”, é o que explica Oliveira sobre a opção pela segmentação para os cabelos e o tipo de pele mais vistos na Bahia.

Segundo ele, as pequenas não teriam escalas para enfrentar a concorrência. Por outro lado, as gigantes do mercado ainda deixam a desejar nos investimentos para o segmento. “Ou não atentaram para a importância deste mercado ou pode ser uma coisa muito local para eles atrair o interesse deles”, explica.

 

Matéria original: Indústria de cosméticos da Bahia cresce apenas 3%

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