Influencers que deram banana para criança negra já causaram revolta na web por humilhação a motorista

Mãe e filha têm mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões no Tiktok, onde publicam vídeos de "trolagens"

As influencers Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves que causaram revolta nas redes sociais nos últimos dias por conta de vídeos nos quais presenteiam crianças negras com presentes como uma banana e um macaco de pelúcia já se envolveram em episódios semelhantes. Em 2021, a dupla, que é mãe e filha, se filmou humilhando um motorista de carro.

A publicação original não pode mais ser encontrada nas redes das influencers. Na gravação, elas afirmavam que o veículo do homem tinha “cheiro podre”. Uma delas chega a dizer, segundo a revista Glamour, que o motivo para tanto era o cabelo do motorista.

Assim como as gravações mais recentes, a publicação de Kérollen e Nancy feita naquele ano rendeu acusações de racismo nas redes sociais. Na época, elas chegaram a gravar um vídeo se explicando e afirmaram que tudo se tratava de uma “trollagem”.

“Pra (sic) ele não se sentir ofendido a gente disse que falaria coisas feias. Mas que era só um personagem. Para ele não levar pro (sic) coração nada”, diz o vídeo publicado em fevereiro de 2021.

Nesta gravação, o motorista que aparece no vídeo original também está presente. Ele se manifesta e declara não ter se sentido ofendido pois sabia se tratar de um vídeo para as redes sociais.

Nesta terça-feira, a advogada Fayda Belo denunciou as duas influencers que publicaram em suas redes vídeos nos quais aparecem entregando um macaco de pelúcia, uma banana e até dinheiro para crianças abordadas em vias públicas. Especialista em Direito antidiscriminatório, Fayda afirma que o vídeo apresenta o chamado “racismo recreativo”, que ocorre quando alguém usa de “discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão”.

— Vocês conseguem dimensionar o nível de monstruosidade que essas duas ‘desinfulenciadoras’ tiveram ao dar um macaco e uma banana para duas crianças e ainda postar nas redes sociais para os seus mais de 13 milhões de seguidores […]? Para ridicularizar duas crianças negras, para incitar essa discriminação perversa que nos tira o status de pessoa e nos animaliza como se fosse piada — afirma Fayda.

Os vídeos que circulam nas redes sociais são da influencer Kérollen, que tem um canal no qual publica vídeos junto com a filha, Nancy. São mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e 13 milhões no Tiktok. Em um dos registros, Kérollen conversa com um menino negro em uma calçada e questiona se ele gostaria de receber um presente ou R$ 10. Ele opta pelo presente, mas, ao perceber que se tratava de uma banana, responde “só isso?”, afirma que não gostou e deixa o vídeo da influencer.

Procurada pela reportagem, as influencers não responderam aos contatos. Após a repercussão do caso, a conta delas no Instagram impediu que novos comentários fossem feitos nas publicações. Desde a repercussão dos vídeos, a conta da dupla no Instagram publicou apenas um story, no qual está escrito o versículo bíblico Isaías 43:25: “Mas sou eu, eu mesmo, que apago os seus pecados por amor de mim, e que nunca mais se lembra deles”.

+ sobre o tema

No Brasil, sempre houve cotas. Até muito recentemente eram de 100%, em favor dos brancos

Cotas raciais são legítimas com parâmetros razoáveis Por Luís Roberto...

Shoppings pediram retirada de ‘rolezinho’ do Facebook, diz Abrasce

Associação diz que comentários em site indicavam possíveis tumultos.Secretaria...

Rússia: ‘Obama russo’ desafia o racismo no país

Joachim Crima pretende se tornar o primeiro negro eleito...

para lembrar

spot_imgspot_img

Shopping Higienópolis registrou ao menos 5 casos de racismo em 7 anos

O shopping denunciado por uma família após uma abordagem racista contra adolescentes já registrou ao menos outros quatro casos semelhantes nos últimos sete anos. O...

Pretos e pardos têm menos acesso à infraestrutura urbana que brancos

Pessoas pretas e pardas residem menos em endereços com características adequadas de infraestrutura urbana, quando comparadas à população branca. Esse retrato da desigualdade étnico-racial no...

E mulheres trans não são pessoas?

No mesmo dia, os EUA e o Reino Unido —dois países ocidentais que se colocam como bastiões da liberdade, muito embora até ontem metade...
-+=