‘Isso é cabelo de gente?’: Estudantes universitários denunciam racismo em ensaio fotográfico

“Não existe esse negócio de crespo. O que você tem é cabelo duro mesmo!”

Por Amauri Terto, do HuffPost Brasil

Imagem: MONTAGEM/DIVULGAÇÃO/QUE CABELO É ESSE?

“O intuito do projeto não é desvalorizar o cabelo liso ou julgar quem alisa e sim mostrar que existe mais de um tipo de beleza.”

Isso é cabelo de gente?

Cabelo bonito é cabelo liso, desde sempre!

Obrigado por ter participado da nossa seleção, mas seu cabelo chama muita atenção para esta vaga de emprego.

Essas foram algumas frases que alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Toledo (Unitoledo), de Araçatuba, interior de São Paulo, já ouviram sobre seus cabelos cacheados e crespos em algum momento de suas vidas.

A fim de propor uma reflexão sobre padrões de beleza e sobre a perpetuação do racismo por meio de comentários abusivos, estudantes da instituição realizaram um ensaio fotográfico intitulado Que Cabelo é Esse?

Ao todo, 37 alunos posaram orgulhosos com seus cabelos crespos e penteados afro. Nas imagens, eles compartilham frases depreciativas que já ouviram sobre seus cabelos que já ouviram no ambiente familiar, na escola, no trabalho ou na rua.

Veja algumas imagens do ensaio:

Foto: DIVULGAÇÃO/QUE CABELO É ESSE?
Foto: DIVULGAÇÃO/QUE CABELO É ESSE?
Foto: DIVULGAÇÃO/QUE CABELO É ESSE?
Foto: DIVULGAÇÃO/QUE CABELO É ESSE?
Foto: DIVULGAÇÃO/QUE CABELO É ESSE?
Foto: DIVULGAÇÃO/QUE CABELO É ESSE?

Fabrícia Lopes Rocha, professora de Jornalismo Opinativo do Unitoledo, foi quem coordenou o ensaio, cuja origem se deu após o contato dela com uma reportagem sobre o aumento do número de pessoas que estavam assumindo seus cabelos naturais.

“Alguns anos atrás, esse tipo de madeixa quase não aparecia na faculdade e na sociedade. Existia um tipo ditadura do alisamento. O mundo está mudando, a diversidade do que é belo está sendo debatida, inclusive pela mídia”, comenta.

Para a docente, o resultado do trabalho choca e faz pensar sobre os preconceitos naturalizados na rotina dos brasileiros.

“Precisamos refletir sobre nossas ações e evoluir como seres humanos. É necessário ter mais empatia pelo outro. O intuito do projeto não é desvalorizar o cabelo liso ou julgar quem alisa e sim mostrar que existe mais de um tipo de beleza.”

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