Filho de uma professora de um colégio particular em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, e de um comerciante da Praia da Luz, bairro naquele mesmo município, o adolescente João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, foi atingido por um tiro de fuzil na barriga na tarde desta segunda-feira, durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro. Ele foi levado do local por um helicóptero, mas a família não foi avisada para onde. Foram horas de agonia até que, na manhã desta terça-feira, o corpo de João Pedro foi localizado no Instituto Médico-Legal (IML) de São Gonçalo por parentes. Nesta terça-feira, agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) realizam uma nova operação no Salgueiro.
Segundo parentes do menino, ele estava dentro de casa, na ilha de Itaoca, jogando sinuca com primos e colegas, perto da piscina, quando policiais invadiram a casa atirando. Ele teria sido deixado no local pelos policiais, de acordo com os parentes. O tio, então, carregou o menino no colo e foi até os policiais para pedir ajuda.
– Colocaram o garoto no helicóptero e o levaram. Desde então não tivemos mais notícias dele – contou um parente.
– Ninguém sabe ao certo o que aconteceu. Talvez por ser uma casa boa, com piscina tenham imaginado coisa errada. A família é religiosa, evangélica. Do bem. E muito conhecida na região – relatou outro familiar.
Desde o momento em que João – que estudava no Colégio Pereira Rocha, onde a mãe é professora da educação infantil – foi atingido até o momento em que seu corpo foi localizado, a famlía realizou várias buscas. Parentes percorram hospitais, até chegarem ao IML. A Defensoria Pública acompanha o caso. A TV Globo informou que armas de agentes que participaram da ação foram recolhidas e encaminhadas para a perícia.
A Polícia Federal confirmou ter participado da operação desta segunda e afirma, em nota, que “acompanhará e prestará todas as informações e apoio necessário à elucidação dos fatos”. Leia a íntegra do informe:
“A Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro informa que, na data de ontem, 18/05, durante operação da Polícia Federal com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo/RJ um adolescente foi ferido.
A ação visava cumprir dois mandados de busca e apreensão contra lideranças de uma facção criminosa da região.
Durante a ação, seguranças dos traficantes tentaram fugir pulando o muro de uma casa. Eles dispararam contra os policiais e arremessaram granadas na direção dos agentes. No local foram apreendidas granadas e uma pistola.
O jovem ferido na ação foi socorrido de helicóptero. Médicos do Corpo de Bombeiros prestaram atendimento, mas ele não resistiu aos ferimentos. O corpo foi encaminhado para o IML de São Gonçalo.
A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) informou que já instaurou inquérito para a apurar as circunstâncias que levaram à morte do adolescente.
A Polícia Federal acompanhará e prestará todas as informações e apoio necessário à elucidação dos fatos”.
A Polícia Militar informou ter dado apoio à ação, mas negou que uma aeronave da corporação tenha transportado João até um hospital:
“Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, na segunda-feira (18/5), policiais militares do Batalhão Aeromóvel (GAM) atuaram em apoio aéreo a uma operação realizada pela Polícia Civil e Polícia Federal na Comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo. Vale ressaltar que a Polícia Militar não foi solicitada para realizar o socorro de pessoas feridas durante a ação”.
Mobilização nas redes
A procura de parentes por João Pedro gerou uma grande mobilização em redes sociais. Fotos do menino foram compartilhadas junto com a hashtag #procuraseojoaopedro. Somente no Twitter, mais de 140 mil postagens com a frase foram compatilhadas. O assunto chegou a ficar entre os trendings topics no Rio de Janeiro.