Jongo da Serrinha ganha nova sede em Madureira

A Associação Cultural Jongo da Serrinha terá uma nova sede em Madureira. Segundo a RioUrbe, a expectativa é que as obras sejam concluídas no final do segundo semestre. O novo prédio, que ficará ao lado da Escola Municipal República Dominicana, abrigará o projeto socioeducativo, que deu origem, em 2000, à Associação Grupo Cultural Jongo da Serrinha e ao projeto Escola de Jongo: iniciativas lideradas por Mestre Darcy, falecido em 2001

Por Beatriz Cruz, para o Favela 247 – A Associação Cultural Jongo da Serrinha, em Madureira, conta agora com uma nova sede. Referência da permanência do ritmo que antecede o samba, o grupo vinha lutando desde 2009 para conseguir um novo local depois que uma operação policial acabou destruindo a casa onde eram realizadas as atividades.

Segundo a RioUrbe, um imóvel desapropriado pela prefeitura será totalmente reformado para abrigar o grupo cultural. O projeto, licitado na terça-feira, dia 4, com custo de R$ 1.733.017, prevê a recuperação total do edifício de dois andares. No espaço haverá salão para danças, auditório com cinema, estúdios, salas para cursos profissionalizantes e de artes, espaço para exposições permanentes, lojas, refeitório e salas administrativas.

No projeto também estão previstos um ambiente específico para rezas e um terreiro para o jongo e a capoeira. Aspectos que estão em consonância do que é de fato o jongo: uma mistura de religiosidade, ritual e magia com o encanto dos seus passos e cadência própria, com letras repletas de simbolismos.

O jongo na história

Com base na tradição oral, o jongo é uma dança formada por homens e mulheres que se unem em torno de uma roda, ao som de tambores, atabaques, cuíca e chocalhos. A forma como se dança pode variar dependendo da região, e as músicas que embalam a dança são denominadas “pontos”.

Uma das hipóteses sobre as origens do jongo, embora sejam escassos os documentos, é que os negros Bantos, vindos como escravos ao Brasil das regiões do Congo e de Angola, associaram elementos culturais e religiosos do candomblé africano praticado nos terreiros aos elementos festivos do culto aos santos católicos.

Por se tratar de uma herança popular, em que a resistência cultural deve-se, sobretudo, à oralidade, os poucos documentos existentes associam o jongo ao samba. A presença dos tambores, das palmas e da dança são aspectos comuns entre os dois, mas os ritmos são diferentes.

Mestre Darcy – filho da Vovó Maria Joana, jongueira e líder espiritual –, foi o responsável por perpetuar o ritmo na Serrinha durante a década de 1970. Na época ele incentivava as rodas de Jongo ensinando as pessoas a tocar e a dançar, e assim acabou impulsionando a profissionalização do Jongo da Serrinha. Preocupado em manter viva a tradição ele fundou, com o apoio da mãe, o grupo Bassam, nome artístico do grupo do Jongo da Serrinha.

O músico também ditou mudanças no universo do samba, percussionista desde os 16 anos, ele introduziu o agogô no samba da Império Serrano em 1947. Após o falecimento da mãe, tornou-se um grande líder jongueiro na Serrinha.

Outra estratégia pensada por Darcy foi incluir as crianças no Jongo. Antes elas não podiam participar. Mas o Mestre entendeu a participação dos pequenos como um elemento de transformação social e essencial para difundir o jongo entre as futuras gerações.

Veja abaixo uma ilustração de como será a nova sede.

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Jongo 

RJ: Pequena África – 100 anos de cultura Negra 

Um 13 de maio jongueiro

 
 

Fonte: Brasil 247

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