Justiça condena estado de SP a pagar R$ 90 mil de indenização por danos morais à família de radialista morto por PMs em 2018

Enviado por / FonteG1

Em dezembro de 2018, Milton Expedito do Nascimento foi atingido por dois disparos no abdômen ao buscar sua moto roubada, em Sorocaba (SP). PM afirmou que homem acelerou veículo ao notar viatura, o que fez com que os policiais o confundissem com ladrão.

A Justiça condenou o estado de São Paulo a pagar R$ 90 mil de indenização por danos morais à família do locutor e motorista Milton Expedito Nascimento, conhecido como Dinho. Ele tinha 33 anos quando foi morto pela Polícia Militar em Sorocaba (SP), em dezembro de 2018.

No processo, os pais do radialista alegaram que a abordagem violenta foi consequência do racismo e que não havia necessidade de usar arma. Eles pediram uma indenização de R$ 2,5 milhões.

Na época do crime, Milton denunciou à PM que havia sido assaltado por dois homens, que levaram a moto e o celular dele. No boletim de ocorrência consta que, por meio do rastreador do celular, Milton viu que o veículo estava em um bairro próximo e achou a moto.

Quando Milton estava voltando para a rádio, encontrou uma viatura da PM e foi confundido com o ladrão. No registro foi informado que a moto estava em alta velocidade e parou bruscamente, momento em que os policiais atiraram duas vezes.

Na decisão, o juiz Alexandre Dartanhan de Mello Guerra publicou que o fato de Dinho não ter informado à polícia que tinha conseguido achar a moto foi decisivo para o desfecho. A advogada da família, Patrícia Ferreira, disse que vai recorrer da decisão.

TV TEM entrou em contato com a Procuradoria Geral do Estado de SP, mas não obteve retorno até o momento.

PMs afastados

Na época do crime, os policiais militares envolvidos na morte do locutor foram afastados do serviço operacional durante as investigações, segundo informou a Secretaria da Segurança Pública (SSP). O número de militares afastados não foi divulgado.

A PM afirmou, em 2018, que a equipe da Força Tática estava na Rua Durvalino Manfio, quando a motocicleta passou e foi identificada como sendo o veículo roubado.

A polícia informou que o condutor, ao invés de procurar a viatura, inicialmente acelerou, dando a impressão aos policiais de que tentava fugir da equipe, o que levou os militares a entenderem que tratava-se de um criminoso.

A PM ressaltou que houve acompanhamento do veículo, que bruscamente freou, levando o motorista da viatura a realizar uma manobra para não chocar-se com a moto, vindo a parar a viatura ao lado do condutor da moto.

Além disso, a PM informou que, após frear, a vítima ainda colocou a mão na cintura, o que foi interpretado pelo policial como uma tentativa de reação de sacar uma arma, motivando os dois disparos realizados pelo militar.

Depois de ser baleada, foi apurado que a vítima havia localizado o veículo e teria ido, junto com o irmão, ao local para recuperar a moto, e que encontrou o veículo com a chave ainda no contato.

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