Levante Mulheres Vivas: organização de SP confirma ato para o dia 7, no MASP, às 14h

05/12/25
Por Beatriz de Oliveira
A mobilização nacional reivindica o reconhecimento da misoginia como crime específico e fim da violência contra mulheres

Diante do aumento de casos de feminicídio e violência contra mulher, ativistas de diversas cidades do país estão organizando manifestações para o dia 7 de dezembro. Em São Paulo (SP), a concentração ocorrerá a partir das 14h, no vão do MASP, na Avenida Paulista. 

A confirmação do local ocorreu na tarde desta sexta-feira, 5 de dezembro. No dia 4, a Polícia Militar havia informado que não disponibilizaria policiamento para a ação na capital paulista. O motivo alegado foi a falta do prazo mínimo para autorização, além da previsão de outra manifestação para a mesma data, classificada pela PM como “antagônica”.

No entanto, no período da manhã de hoje, organizadoras do ato realizaram reuniões com representantes da força de segurança do estado e, após alinhamento, declararam que a manifestação terá acompanhamento do Batalhão e está mantida para o domingo.

“A PM assegurou tanto o nosso direito de manifestação quanto a segurança de todas as mulheres que estarão no MASP, na Paulista. No domingo, vamos ocupar as ruas para gritar contra a violência machista e o feminicídio, com a força e a coragem que esse momento exige”, afirmou a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) ao Portal Geledés. A deputada acompanhou as negociações.  

Mobilização clama pelo direito à vida das mulheres 

O Levante Mulheres Vivas, como foi nomeado o movimento de caráter nacional, exige o reconhecimento da misoginia como crime específico e o cumprimento integral da Lei Maria da Penha. Além de demandas relacionadas à prevenção, proteção, resposta institucional e redução da violência contra mulheres e meninas.

“A mobilização nacional, interseccional e orgânica tem sido a parte mais emocionante da formação desse Levante: Mulheres Vivas. São mães enlutadas, jovens com a cara e a coragem, idosas que nunca se mobilizaram politicamente antes, mulheres indígenas dispostas a irem para a rua como for. Mulheres pretas muito potentes e profundamente engajadas, todas juntas para pedir que o feminicídio seja reconhecido como emergência nacional”, afirmou Raquel Ripani, integrante da coordenação geral do Levante Mulheres Vivas, em declaração ao Portal Geledés. 

Entre as reivindicações do movimento estão: funcionamento 24 horas, todos os dias da semana, das Delegacias da Mulher; prioridade processual nos casos de violência contra mulher no sistema de justiça; auxílio emergencial municipal para mulheres que deixarem suas casas para fugir da violência; prioridade absoluta em vagas de creche e escola para filhos de mulheres vítimas de violência; paridade de gênero (50%) em cargos de direção no poder público e aprovação de legislação específica para responsabilizar plataformas digitais por conteúdos de misoginia. 

Em documento coletivo da mobilização, as organizadoras afirmam: “o Brasil enfrenta uma epidemia de violência contra a mulher. A cada dia, novos casos de feminicídio, agressões, ameaças e omissões institucionais revelam a fragilidade da rede de proteção prevista em lei”. 

A declaração expõe uma realidade latente e assustadora: durante essa semana, os noticiários repercutiram uma série de casos de feminicídio e violência contra mulher. Os dados confirmam o cenário alarmante: no primeiro semestre de 2025 foram registrados 718 feminicídios no país, segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero. 

Ademais, os maiores alvos do feminicídio são as mulheres negras: entre 2015 e 2024, 68% das vítimas eram pretas ou pardas, segundo pesquisa “Quem são as mulheres que o Brasil não protege?”. Já o estudo “Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil” destacou que as mulheres negras, de baixa escolaridade e em idade reprodutiva, são as mais vulneráveis à violência contra mulher.

Em paralelo à mobilização de domingo, ocorre a campanha nacional “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência e do Racismo contra as Mulheres”. Coordenada pelo Ministério das Mulheres, a ação é realizada entre 20 de novembro e 10 de dezembro e reúne atividades culturais, de comunicação e intervenções no espaço público. A intenção  é notabilizar a urgência em proteger os direitos das mulheres.

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