Na semana passada vi uma pequena aranha tranquila, tecendo suas teias na parede lateral do banheiro do meu habitat. Meu primeiro impulso foi matá-la, mas pensei, por que fazê-lo se ela não é venenosa e veio me visitar? Nos dias seguintes estabeleci certa empatia pelo animal que parecia estar flutuando no ar, sem se mexer, sem nada manifestar, sem me causar qualquer incômodo.
Eis que no feriado de 15 de novembro o pintor deu duas demãos de tinta do teto e depois que ele saiu constatei o desaparecimento da minha visitante. Confesso que fiquei um pouco triste, mas me convenci que a qualquer momento isso iria ocorrer. Para a minha surpresa, no final daquele mesmo dia ela reapareceu, no mesmo lugar. Fiquei aliviado, pois havia deduzido que o Celso, zeloso que é por limpeza, tinha matado a aranha.
Nada disso, com o intuito de proteção, ao perceber uma movimentação diferente no recinto, ela fugiu não sei para onde e só retornou quando a situação estava segura. Ao revê-la pendurada nos fios quase invisíveis, me tranquilizei. Entretanto, o retorno durou pouco. Dois dias depois ela decidiu sumir de vez, sem deixar qualquer sinal.
Vai ver que o seu período de experiência por aqui venceu e ela foi procurar outras paredes. Em uma das noites lembrei-me de um pequeno trecho do Rock das Aranhas, a famosa canção eternizada pelo nosso querido “Maluco Beleza” Raulzito, para sempre Seixas.
Nesta segunda-feira quase meia noite, esse legítimo exemplar de arachnida me fez atentar para um sentimento de que todos os seres vivos têm significado nessa existência. Se assim é com os animais, imagine a importância que cada um de nós, seres humanos, tem. E como disse um dia Caetano Veloso, “gente é pra brilhar, não pra morrer de fome”. Gente é para se respeitar, se valorizar, e para viver dignamente, respeitando as diferenças e valorizando as diversidades, sem racismos nem preconceitos. Por aqui, fico. Até a próxima.