Para os que veneram o Rei do Quilombo dos Palmares, hoje é o Dia de Zumbi. Para muitos, o 20 de Novembro é o Dia da Consciência Negra e os mais reflexivos o têm como o Dia da Conscientização Brasileira.
Não é um feriado só alusivo aos negros e, portanto, é reservado para se refletir sobre a participação dos afrodescendentes na formação do Brasil e suas condições na sociedade. É obrigação da classe dominante planejar a inclusão social dos cidadãos pretos, cuja maioria vive na pobreza.
Este foi um dos assuntos da conversa informal que tive com alguns amigos na sexta-feira antepassada, dia 11 de novembro, em Brasília, onde aconteceu o evento comemorativo dos 36 anos de Independência de Angola. Foi uma festa pomposa e emocionante, com muita gente bonita elegantemente vestida.
Os militares envergavam seus coloridos uniformes de gala e eu, por não ter visto no convite a observação de que o traje deveria ser a rigor ou passeio completo, cometi uma gafe — fui sem paletó e gravata. Mesmo assim me dei bem.
Os membros do cerimonial se achegaram sorridentes para me abraçar e eu falei que não iria entrar porque não estava vestido a caráter. Um deles me disse como quem dá uma ordem: “Vais ter de entrar sim, porque tu és parte integrante desta comemoração”. Uma senhora radiante completou: “Vejam só, ele está muito bem, inclusive de sapato”. Risos.
Paulo Mateta, o Adido de imprensa, me acompanhou ao lugar reservado na mesa principal e disse-me que eu seria bem acolhido mesmo se estivesse de sandália.Estavam presentes todos os embaixadores da lusofonia, alguns de outros países africanos, e eu fui saudado pelo anfitrião, o diplomata Nelson Manuel Cosme, como o Embaixador Cultural de Angola no Brasil.
A Unidos de Vila Isabel marcou presença com uma bela mostra de fantasias do enredo ‘Semba Lá que eu Sambo cá, O Canto Livre de Angola’, tema da escola para o próximo Carnaval. Abrindo a cerimônia, Os Dragões da Independência tocaram os respectivos hinos e o Embaixador Nelson Cosme fez um discurso vibrante e conciso.
Falou da amizade entre as duas nações, lembrou que o nosso País foi o primeiro a reconhecer a Independência de Angola e deu ênfase ao fato de estar comemorando 10 anos de paz. Levantou uma taça, fez um brinde, deu vivas e convidou a todos para saborear alguns pratos da rica culinária angolana: calulu, muamba de galinha, fungis de milho e de bombó… Delícias que eu saboreei ao lado da embaixatriz Neogilda. Aproveitei a ocasião e a convidei para desfilar no carro abre-alas da Vila Isabel, escola que vai encerrar os desfiles no domingo de Carnaval.
Fonte: O Dia