A mente de Pelé ainda está presa numa senzala

Por: Marco Antonio Araujo

Mais uma obra pode ser incorporada ao acervo do Museu Pelé: um áudio editado com as maiores bobagens que o Rei do Futebol pronunciou durante sua existência. Nessa coletânea não podem faltar as estultices que o Atleta do Século pensa sobre um tema que lhe deveria ser caro, mas que em sua boca é vendido a preço de banana: o racismo.

Percebam o requinte de um raciocínio que não conseguiu sair da senzala: “Se eu fosse querer parar o jogo cada vez que me chamassem de macaco ou crioulo, todos os jogos iriam parar. O torcedor, dentro da animosidade, ele grita. Acho que temos que coibir o racismo, mas não é em lugar público que vai coibir.  Quanto mais atenção der para isso, mais vai aguçar”.

Fosse um branco dizendo esse amontoados de bobagens, seria empalado pela opinião pública. Na boca do maior jogador de todos os tempos, é motivo de vergonha e tristeza. Quando Pelé abre a boca, voltamos séculos na luta por igualdade, justiça e civilidade.

Não, não somos todos macacos. Somos seres humanos. E quem pensa diferente está abdicando de sua humanidade. Quando um negro se omite ou, pior, aceita o preconceito como algo natural, incontornável, está fazendo o serviço mais sujo, o de se colocar abaixo de gente racista.

É como se dissessem, esses escravos da ignorância: racismo não é um assunto importante, e o mundo sempre foi assim, injusto e cruel. É uma chibatada na cara da sociedade. Pelé deveria rever com urgência esse seu pensamento covarde e subalterno. Alguém precisa colocar esse cara no seu devido lugar: ao lado dos negros e das pessoas de bem. Enquanto isso não acontece, ele podia ao menos calar a boca – e gastar sua fortuna em silêncio.

 

 

 

Fonte: O Provocador

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