Milton Nascimento: “Quando vou compor, não gosto de silêncio”

 

Com DVD e CD ao vivo, cantor faz uma retrospectiva dos 50 anos de carreira; leia entrevista

Disposto a relembrar trechos de seus 50 anos de carreira, ainda que não goste muito “desse negócio de idade”, o cantor Milton Nascimento, 70, conversou sobre o repertório do lançamento “Milton Nascimento – Uma Travessia”, que chega em formato de DVD e CD duplo.

A gravação ao vivo faz um apanhado das 23 músicas mais simbólicas do cantor e compositor carioca criado em Três Pontas, sul de Minas Gerais, conhecido pelo disco “Clube da Esquina” e músicas como “Coração de Estudante”, “Maria, Maria” e “Canção da América”. “Quando vou compor, tenho uma maneira diferente dos meus amigos compositores. Não gosto de ficar sozinho, não gosto de silêncio”, disse ao iG .

Até que “Uma Travessia” fosse gravado, Milton e sua banda fizeram shows em mais de 100 cidades, em processo que durou quase dois anos, até fechar o repertório em 23 canções. O segredo para manter a inspiração saiu do contato com diversas pessoas. “Em época de férias, o pessoal vem e fica aquela bagunça lá em casa. Começo a compor, alguns vêm me ajudar, mas não tem uma coisa muito especial, quer dizer, tem, né.”

O músico e pianista Wagner Tiso, amigo e parceiro musical mais antigo, participa em “Coração de Estudante”, “Vera Cruz” e “Nos Bailes da Vida”. Foi com Wagner que Milton começou a carreira artística, nos anos 1960.

Clube da Esquina

 

Milton Nascimento:

 

Em 2013, comemora-se também os 40 anos do disco “Clube da Esquina”, que revelou o músico Lô Borges, convidado especial da gravação de “Milton Nascimento – Uma Travessia”. Lô canta com Milton as faixas “Nada Será Como Antes”, “Clube da Esquina 2” e “Para Lennon e McCartney”. Sozinho, Lô interpreta “O Trem Azul”, “Nuvem Cigana” e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, assim como fez no disco de 1972.

“É uma dificuldade provar para todo mundo que não existe um clube, é um problema. Vem gente do mundo inteiro para conhecer o ‘clube’ que não existe”, diz, aos risos, relembrando a falta de confiança que a gravadora tinha no disco que, com o tempo, passou a ser valorizado. “(Na época) a crítica caiu de porrada, mas não estávamos nem aí, só queríamos tocar.”

“Canção da América”

Milton Nascimento registra em “Uma Travessia” músicas que não estavam mais no repertório como a emblemática “Morro Velho”, de seu primeiro disco “Travessia”, lançado há 46 anos, cuja faixa-título fecha o DVD.

Músicas simbólicas como “Coração de Estudante” e “Canção da América” estão no repertório revisitado. “Eu nunca pensei que (“Canção da América”) fosse virar aquilo tudo. Um amigo vem visitar, toca a música, um amigo vai embora, toca a música, para receber diploma, para casar, tudo é ‘Canção da América'”, relembra com bom humor sobre a música lançada em 1980.

Fonte: Último Segundo

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