MORTES POR POLICIAIS: PM vai analisar a pesquisa. Polícia Civil já discute o tema

 

A Polícia Militar de SP respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que os resultados do estudo “Desigualdade racial na segurança pública” serão avaliados pela corporação e pela Câmara Técnica de Análise, Pesquisa e Estatísticas em Segurança Pública e Atividade Policial. A Câmara é formada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), especialistas de universidades, polícias Civil e Militar e membros de entidades da sociedade civil. 

“O objetivo é definir se os dados da pesquisa podem subsidiar aprimoramentos das políticas públicas de segurança. É importante frisar que os policiais são preparados para lidar com a diversidade racial e que, na PM, cerca de 40% dos homens são afrodescendentes”, diz a nota. A reportagem questionou a PM quanto a existência de programas de conscientização para os policiais ,como eles funcionam e se há ações também em Sorocaba, mas a pergunta não foi respondida.

O racismo é também discutido no âmbito da Polícia Civil. O assunto foi tema do 6º Seminário Exercícios de Cidadania, que reuniu em Sorocaba dezenas de delegados, investigadores e escrivães da Polícia Civil. O evento ocorreu em 27 de março, no auditório da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA).

Uma das palestrantes do evento, a coordenadora de Políticas para a População Negra e Indígena da Secretaria da Justiça de SP, Elisa Lucas Rodrigues, ressalta que é preciso melhorar a relação entre as polícias e a população negra. Durante o encontro, a coordenadora sensibilizou os policiais civis para o combate ao racismo na atuação dos profissionais.

Elisa comenta que a pesquisa da UFSCar demonstra que ainda há um estigma que vem do período da escravidão, o que não é exclusivo das polícias. “Ainda há um ranço que vem do período escravocrata. O Brasil ainda enxerga o negro como um ser menor”, aponta. Ela lembra que pensadores racistas do século 19 defendiam que os negros seriam pessoas com alto potencial de criminalidade. “Infelizmente, em pleno século 21, ainda há seguidores desses pensadores. Então ainda ocorre esse descaso e agressões aos negros, não só no âmbito da polícia, mas em todas as relações na sociedade”, complementa.

O coordenador do Centro de Direitos Humanos “Celso Vilena” da Academia de Polícia do Estado de SP, Tabajara Novazi Pinto, também abordou a questão do racismo durante o evento com os policiais civis, chamando a atenção para a perda econômica que o país sofre diante do preconceito e desigualdade de oportunidades. 

“Os negros são 52% da população brasileira. Sem oportunidade a eles, teremos grandes prejuízos”, afirma. Sobre os profissionais de segurança pública, Novazi ressalta que o racismo nas polícias é reflexo da sociedade, que aflora também nos outros setores e relações sociais. 

 

 

 

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

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