O Programa Rede Cegonha, lançado nesta segunda-feira, 28, pela presidente Dilma Rousseff, foi criticado por militantes de movimentos de defesa dos direitos das mulheres. Em Porto Alegre, a Rede Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos observou que se trata de um retrocesso em relação aos avanços que já haviam ocorrido no setor. Ainda segundo a organização, a presidente poderia ter avançado na questão de atendimento às vítimas de violência sexual.”Voltamos a uma visão materno-infantil da saúde das mulheres, quando já considerávamos que a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, surgida em 1983, parecia estar consolidada”, observou a cientista política Telia Negrão, secretária executiva da entidade em nota distribuída à imprensa.
Ainda de acordo com a cientista política, embora a proposta do programa esteja assentada num diagnóstico realista das dificuldades na atenção à saúde das mulheres, “suas respostas não abrangem o conjunto de causas que levam as mulheres brasileiras a adoecer e morrer durante a gestação, o parto e o puerpério”.
A nota especifica os casos de abortos inseguros, que poderiam ser evitados se mulheres tivesse “maior acesso aos serviços de acolhimento a vítimas de violência sexual, à anticoncepção de emergência, a violência fatal que atinge as mulheres na gestação, o racismo institucional e outras desigualdades sociais”.
A Rede Feminista, que existe há quase duas décadas, vai solicitar ao Ministério da Saúde um prazo maior para o debate da proposta e o seu envio para debate nos conselhos de saúde e direitos da mulher.O lançamento do programa ocorreu em Belo Horizonte. Com o objetivo de disseminar práticas que ajudem a reduzir as taxas de mortalidade infantil e materna, ele tem orçamento previsto de R$ 9 milhões.
Fonte: Estadão