Movimentos sociais e familiares de mortos em operações policiais realizam ato em SP

Um ato para protestar contra a matança promovida pela Polícia Militar na Baixada Santista está agendado para esta segunda-feira, 18, às 18h,  em frente às arcadas da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), localizada no Largo São Francisco, a poucos metros da sede da Secretaria de Segurança Pública.

A manifestação convocada por movimentos sociais de defesa dos direitos humanos pede o fim imediato da Operação Verão e a punição dos policiais envolvidos na morte de pelo menos 48 pessoas (até este domingo), desde que um policial da Rota foi morto no Guarujá no ano passado.

O então secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilheme Derrite, ex-policial da Rota,  chegou a transferir o gabinete do órgão para a Baixada Santista, para acompanhar o desenrolar da Operação.

Derrite ficou conhecido ao declarar que era vergonhoso para um policial “não matar nem três pessoas em cinco anos”.

Entidades de direitos humanos denunciam que as mortes das vítimas tratam-se de execuções sumárias. Imagens divulgadas nas redes sociais dão respaldo às denúncias.

Em uma delas é possível ver um rapaz caminhando de muletas pela rua antes de ser assassinado.

Em outro caso, a  família de um jovem de 24 anos executado dentro de casa, conta que ele era cego de um olho e que tinha apenas 20% da visão do outro.

A deficiência visual o impedia de enxergar  qualquer coisa a mais de 30 centímetros de distância, segundo parentes.

Em todos os casos os PMs alegam que agiram em legítima defesa ao revidar ao ataque. No entanto, nenhum deles portava câmeras acopladas às fardas para assegurar a veracidade de suas versões.

O governador Tarcísio de Freitas é crítico às câmeras nos uniformes dos policiais. “Qual é a efetividade da câmera corporal na segurança do cidadão? Nenhuma”, declarou em entrevista à Rede Globo no início deste ano.

Os policiais começaram a usar câmeras no fardamento no segundo semestre de 2020. O objetivo era impedir abusos e ao mesmo tempo garantir provas para que pudessem se defender em casos em que ocorressem confrontos.

Mas a liminar que obrigava o uso das câmeras foi derrubada em setembro do ano passado pelo Tribunal de Justiça, que atendeu pedido de Tarcísio.

Pesquisas da Fundação Getúlio Vargas e da Unicef de 2022 revelaram que o uso de câmeras nas fardas  reduziu o número de mortes em decorrência de intervenção policial em 57% e 62,7%, respectivamente.

Para o ex-presidente da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo e ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, Adriano Diogo, o comparecimento à manifestação é fundamental para ajudar a divulgar o morticínio que vem sendo praticado pela Polícia Militar no litoral paulista.

“O ato vai chamar a atenção para essa onda de assassinatos, de crimes em série contra a juventude da Baixada Santista. É uma coisa terrível o que está acontecendo. Lembra o modus operandi dos Crimes de Maio. Atacam novamente a população das regiões mais pobres de Santos, São Vicente e Guarujá.  Derrite é cruel, terrível e tem o apoio do governador, o coronel Tarcísio. Compareçam ao ato! É muito importante prestar solidariedade aos familiares das vítimas”, enfatiza.

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