MP denuncia policial por racismo, injúria racial e violência doméstica em SC: ‘macaca do c…’

Em gravação que viralizou nas redes sociais, o sargento reformado Hélio Martins afirmou que tem ódio e 'não suporta negro'

 O policial militar da reserva Hélio Martins, de 57 anos, foi denunciado nesta quarta-feira por racismo, injúria racial, agressões e violência doméstica. Ele aparece em um vídeo no qual admite ser racista e ameaça bater na ex-namorada, em São Ludgero, Santa Catarina. Na gravação, ele diz que não suporta negro e chama a interlocutora de “macaca do c…”.

As agressões e ofensas registradas nos vídeos foram anexadas à ação penal como provas, de acordo com o Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC). As vítimas são a ex-namorada de Martins e o filho dela, um menino de quatro anos.

“A motivação, em todas as ocasiões, sempre esteve relacionada à questão de gênero, no contexto de violência doméstica, ou de raça”, afirma o MP-SC, em nota. “Sempre ele fez referências preconceituosas e menções injuriosas sobre a raça e a cor da pele da namorada e do filho dela, que são negros”, acrescenta o texto.

Na denúncia assinada pela promotora Iara Klock Campos consta que os crimes teriam ocorrido num período aproximado de duas semanas, em setembro, dentro do apartamento em que Martins vivia com a ex-namorada e a criança. O policial militar reformado também teria chegado a agredir fisicamente a ex-companheira.

O caso ganhou notoriedade após a divulgação do vídeo, em setembro. Uma investigação foi aberta e Martins acabou indiciado pela Polícia Civil.

No vídeo, Martins afirma que o filho da companheira é “um maldito de um negro desgraçado, que é pirracento” ao ser questionado pela mulher sobre o motivo pelo qual tem tanto ódio de “moreno”. O policial prossegue:

— Porque eu tenho ódio, porque eu sou racista, porque eu não suporto negro. Eu tenho amigo negro, mas amigo decente, não essa negrada do c…, que é marrento que nem tu — responde.

Diante do tom agressivo, a mulher pede para que ele não bata nela. De imediato, o policial militar retruca, pegando um chinelo na mão:

— Quer ver? Fala de novo. Fala de novo, sua macaca do c… Demônio, desgraçada.

Na ocasião, a PM-SC afirmou que o caso foi encaminhado à Corregedoria-Geral para apuração. Em nota, disse ainda que repudia “todo e qualquer tipo de violência contra a mulher ou vulnerável, bem como qualquer tipo de racismo”.

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