MPL nega ser o responsável pela queda da tarifa: “foi o povo”

O Movimento Passe Livre (MPL), que tem organizado os atos de protesto na cidade de São Paulo contra o aumento da tarifa no transporte público, afirmou na madrugada desta quinta-feira, por meio de nota, que a “cidade não esquecerá o que viveu nas últimas semanas” e que a “intransigência dos governantes teve de ceder às ruas tomadas, às barricadas e à revolta da população”.

Na tarde dessa quarta-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT), anunciaram a redução dos preços das tarifas de ônibus, metrô e trens metropolitanos. As tarifas, que haviam sido reajustadas no último dia 2 de junho, de R$ 3 para R$ 3,20, voltam para os valores anteriores na próxima segunda-feira. O preço da integração também retorna para o valor de R$ 4,65 depois de ter sido reajustado para R$ 5,00.

O MPL nega ter sido o responsável pela queda no valor da tarifa, nem nenhuma organização, e sim “o povo”, que “constrói e faz a cidade funcionar a cada dia”. “A derrubada do aumento é um passo importante para a retomada e a transformação dessa cidade pelos de baixo”, diz a nota.

Segundo o MPL, o movimento continua rumo a um transporte público sem tarifa, onde as decisões seriam tomadas pelos usuários, e não por políticos e empresários. “Se antes eles diziam que baixar a passagem era impossível, a revolta do povo provou que não é. Se agora eles dizem que a tarifa zero é impossível, nossa luta provará que eles estão errados”, afirma o comunicado.

O protesto que já havia sido marcado para esta quinta-feira em São Paulo foi mantido – agora, no entanto, o objetivo é comemorar a vitória popular. “Sairemos às ruas em solidariedade às lutas das demais cidades do País e em apoio a todos os companheiros presos, detidos e processados durante os atos contra o aumento, contra a criminalização do movimento”, completou o MPL.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), também anunciou nessa quarta-feira a revogação do reajuste da tarifa do ônibus na cidade. Assim, a passagem, que havia sido elevada a R$ 2,95 no início de junho, retornou ao patamar de R$ 2,75.

 

Cenas de guerra nos protestos em SP

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A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em cenários de guerra.

Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, prédios, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Mais de 250 pessoas foram presas durante as manifestações, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. A mobilização ganhou força a partir do dia 13 de junho, quando o protesto foi marcado pela repressão opressiva. Bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Militar na rua da Consolação deram início a uma sequência de atos violentos por parte das forças de segurança, que se espalharam pelo centro.

O cenário foi de caos: manifestantes e pessoas pegas de surpresa pelo protesto correndo para todos os lados tentando se proteger; motoristas e passageiros de ônibus inalando gás de pimenta sem ter como fugir em meio ao trânsito; e vários jornalistas, que cobriam o protesto, detidos, ameaçados ou agredidos.

As agressões da polícia repercutiram negativamente na imprensa e também nas redes sociais. Vítimas e testemunhas da ação violenta divulgaram relatos, fotografias e vídeos na internet. A mobilização ultrapassou as fronteiras do País e ganhou as ruas de várias cidades do mundo. Dezenas de manifestações foram organizadas em outros países em apoio aos protestos em São Paulo e repúdio à ação violenta da Polícia Militar. Eventos foram marcados pelas redes sociais em quase 30 cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina.

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40.

O prefeito da capital havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.​

 

Durante entrevista a blogueiros, integrantes do MPL celebram a vitória, falam em infiltrados e expõem próximos passos

 

Fonte: Terra

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