A comunicação tem se mostrado um campo de batalha decisivo. Os meios comerciais agem cada vez mais como usinas ideológicas, disseminando não as notícias, mas sim a ideologia necessária para respaldar o poder dominante. As vozes dos movimentos, dos trabalhadores, da periferia não conseguem se expressar nesses espaços. Por isso, com as novas tecnologias aproximando pessoas e garantindo as condições materiais para a produção de informação, cada vez mais os movimentos se articulam e buscam criar espaços próprios de comunicação.
Por Elaine Tavares Do Iela
Essa semana, no México, um grupo de mulheres, comunicadoras, apresentou a Agência de Notícias de Mulheres Indígenas e Afrodescendentes, a Notimia. A proposta é garantir o espaço para vizibilizar a luta dos povos e comunidades de toda a América, mundializando a cobertura.
O grupo tem o apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional e da ONU-Mulheres. Assim, dessa vez , as mulheres indígenas e negras terão um papel preponderante na 16 sessão do Fórum Permanente para as Questões Indígenas da ONU, que acontece de 24 de abril até cinco de maio. A cobertura deverá ser o primeiro grande trabalho da agência, que pretende espalhar pelo mundo as vozes dos indígenas, sempre tão cerceadas.
Não bastasse isso o grupo deverá começar a abastecer o mundo todo com narrativas dos povos indígenas, dos afrodescendentes, histórias e lutas em andamento. O foco são as questões das mulheres, mas não só. A rede Notimia – vozes, meios e redes para a paz tem um número de 2o0 colaboradoras profissionais de todo o continente americano, bem como da África, Ásia e Oceania.
Ainda que a proposta nasça com o apoio da ONU, certamente significará um passo muito importante na batalha informativa. Pelo menos serão as próprias mulheres indígenas e afrodescendentes que falarão por si mesmas.