Mulheres Negras do Cone Sul apresentam estudos na CEPAL

Nos marcos do Fórum dos Países da América Latina e Caribe sobre Desenvolvimento Sustentável, realizado pela CEPAL de 18 a 20 de abril em Santiago, Chile, integrantes do Projeto Mulheres Negras do Cone Sul, seu retrato em preto e branco formado por Coletiva de Mujeres do Uruguai, Criola e Geledés do Brasil e Luana, do Chile apresentaram, na abertura das das atividades paralelas do Fórum, um painel sobre os estudos que realiza sobre os ODS – Objetivos de Desenvolvimento e os principais resultados dos Censos 2010 e os desafios para os Censos de 2020 para os países do Cone Sul.

enviado por Nilza Iraci

A mesa foi composta pelas coordenadoras do projeto, por Laís Abramo, Diretora da Divisão de Desenvolvimento Social da CEPAL , Fabiana Del Popolo, Oficial de Assuntos de População da CELADE-Divisão de População da CEPAL, e por Marta Rangel, consultora.

Lais Abramo destacou a importância de as atividades do Fórum serem iniciadas pela apresentação do projeto Mulheres Negras do Cone Sul e que os debates sobre as desigualdades que se efetivam sobre mulheres negras na América Latina demonstram que as iniquidades não são representadas apenas por uma soma de fatores, mas pelo entrecruzamento de raça, gênero, classe e outras desigualdades. Enfatizou, ainda, a necessidade de um olhar crítico para, entre outros, o objetivo de desenvolvimento sustentável 10, que estabelece o desafio de redução das desigualdades dentro dos países e entre eles.

Para Fabiana Del Popolo os estudos revelam a importância desse projeto que debate a produção de dados desagregados sobre o desenvolvimento e condições de vida das mulheres negras, tanto pelos CENSOS como pelos ODS, e que esta iniciativa vai ao encontro da meta 18 do objetivo de desenvolvimento sustentável 17 que prevê até 2020 “reforçar o apoio ao desenvolvimento de capacidades para os países em desenvolvimento, inclusive para os países de menor desenvolvimento relativo e pequenos Estados insulares, para aumentar significativamente a disponibilidade de dados de alta qualidade, atuais e confiáveis, desagregados por renda, gênero, idade, raça, etnia, status migratório, deficiência, localização geográfica e outras características relevantes em contextos nacional e regional. Marta Rangel, no mesmo sentido, evidenciou a relevância do projeto que olha a situação de vidas e a concretização dos direitos das populações de mulheres negras latino-americanas, e a proteção social a partir do viés imprescindível da interseccionalidade.

As integrantes do projeto destacaram a importância dessa aliança com a divisão de desenvolvimento social da CEPAL para que seja incorporado os temas prioritários para agenda das mulheres negras na América Latina, como as políticas de saúde; geração de indicadores e dados desagregados por gênero e raça; capacitação técnica, política e sensibilização dos profissionais dos CENSOS; revisão dos informes voluntários com base em raça e gênero. Destacaram, também, a importância de a CEPAL incorporar mais mulheres negras na sua composição, bem como suas pautas, em um viés propositivo de ação.

O Fórum dos Países da América Latina e Caribe sobre Desenvolvimento Sustentável
O Fórum, realizado pela CEPAL, é um mecanismo regional, criado no ano 2015, e reúne governos da América Latina e Caribe, organismos do Sistema das Nações Unidas, organizações de integração regional e sub-regional, instituições financeiras internacionais e bancos de desenvolvimento, setor privado, academia e sociedade civil com o objetivo de revisar os avanços e desafios da implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável na região.

Foi apresentado, no Encontro, o informe anual sobre o progresso e os desafios regionais para a implementação da Agenda 2030 para o desenvolvimento focalizados nos ODS que serão examinados em 2018 (Objetivos 6, 7, 11, 12 y 15), além do Objetivo 17, que é examinado anualmente. Segundo o Relatório, no que diz respeito às condições de vida da população, apesar da diminuição histórica expressiva da pobreza nos 20 anos anteriores, o informe alerta para uma tendência de crescimento da pobreza extrema desde 2015, bem como a persistência da caracterização da América Latina como a região mais desigual do mundo, compondo essa população pobre, principalmente as mulheres, caracterizado pelo fenômeno da femininzação da pobreza. O informe não faz referência à questão racial.

Disponível em: https://foroalc2030.cepal.org/2018/es

No final do Encontro foi apresentada uma declaração da sociedade civil presente no Fórum.

Disponível em:

Declaratoria 2o Foro LAC 2030

CEPAL lança estudo inédito sobre afrodescendentes na América Latina

Um esforço conjunto da CEPAL, da RMAAD, da OPS e da UNFPA resultou no estudo: “Situación de las personas afrodescendientes en América Latina y desafíos de políticas para la garantía de sus derechos”. O lançamento ocorreu no painel denominado “Visibilizar a las personas afrodescendientes en la agenda 2030 para que nadie se quede atrás”, que teve como objetivo promover a inclusão da pauta afrodescendente na implementação e seguimento da Agenda 2030, com uma visão integral de direitos.

A mesa foi moderada por Laís Abramo (diretora da Divisão de Desenvolvimento Social da CEPAL) e contou, para a apresentação do estudo, com Paulo Saad (diretor do CELADE – Divisão de Populações da CEPAL), Vicenta Camuso (coordenadora para o Cone Sul da RMAAD), Anna Coates (chefe da Oficina de Equidade de Gênero e Diversidade Cultural da OPS) e Esteban Caballero (diretor da oficina regional para América Latina e Caribe do UNFPA), e como comentaristas: Creuza Oliveira (Brasil), FENATRAD – Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas; Pastor Murillo (Colômbia), expert independente do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial das Nações Unidas; Susana Matute (diretora de Políticas para População Afroperuana do Ministério da Cultura do Peru)e Pedro Schinca, diretor das Relações Internacionais e Cooperação do Monitoramento de Desenvolvimento Social do Uruguai.

As apresentações e dados do Relatório demonstraram que as desigualdades étnica e racial que se desenham na América Latina incidem gravemente sobre as condições de vida e direitos de toda a população afrodescendente. Também foi ressaltada o ineditismo do estudo, que lança mão e torna acessível dados variados agora respaldados pela CEPAL e caminha em sentido contrário às correntes de persistentes brechas estatísticas sobre a população afrodescendentes.

“Situación de las personas afrodescendientes en América Latina y desafíos de políticas para la garantía de sus derechos”
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