“Não esperava ódio”, diz autora de projeto antirracismo, alvo de… racismo

A campanha fotográfica, divulgada em um Tumblr na semana passada, foi alvo de montagens preconceituosas

Do Correio Braziliense

O ensaio fotográfico #ahbrancodaumtempo, criado para ciritcar o racismo cotidiano enfrentado por pessoas negras, virou alvo do próprio problema que denuncia. Montagens publicadas anonimamente nos últimos dias mostram fotos da campanha alteradas digitalmente para mostrar dizeres preconceituosos e racistas – frases como “Vende-se Bombril orgânico” e “Quem já assaltou levanta a mão” substituem as mensagens originais retratadas no projeto.

O Correio optou por não replicar nesta reportagem a íntegra das imagens criminosas (abaixo você confere as mensagens originais do projeto e uma montagem com recortes das interferências). Lorena Monique, criadora do Tumblr, afirmou que ficou perplexa com essa reação de ódio.

O Tumblr #ahbrancodaumtempo retrata frases ouvidas com frequência por jovens negros que sofrem preconceito, principalmente dentro da universidade. Lorena conta que, quando descobriu, não sabia como lidar com a situação. Após receber conselhos de amigos, a universitária imprimiu as fotos e ainda hoje fará denúncia na Polícia Civil. Ela espera que os responsáveis sejam encontrados e respondam pelos atos de racismo.

Diogo Bento, estudante da Universidade Católica de Brasília e participante do grupo de estudos afrocentrados (Geac), é um dos fotografados que foi vítima das montagens preconceituosas. “Fiquei triste, indignado e com raiva ao mesmo tempo. Na foto, me chamavam de ladrão. E estragaram um trabalho lindo de conscientização e educação”, lamenta.

 

“Muitas pessoas dizem que o racismo não existe ou que é algo da nossa cabeça, mas por meio da campanha observamos que existe muito desse problema debaixo do debate”, afirma Wellington Barbosa, outro dos fotografados na campanha que também sofreu com as montagens.
Denúncias

No Facebook, amigos dos envolvidos no projeto demonstraram solidariedade e também denunciam as fotos. As denúncias podem ser feitas no Ministério Público ou no site da organização não governamental Safernet, que as encaminha para o MP. OCorreio entrou em contato com o ministério, que não pôde revelar o número de queixas prestadas até o momento.

A idealizadora do projeto afirma que vai manter o Tumblr no ar “agora mais do que nunca”. Lorena recebeu mensagens de apoio ao projeto e de pessoas que se sentem representadas pela campanha. Universitários de outros estados – como SP, MG, RJ e SC – querem reproduzir a ideia.

Leia materia:

 Projeto fotográfico denuncia racismo dentro da universidade; confira o ensaio

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