“Negrinha feia”: alunos protestam contra caso de racismo

A hashtag #TodosPorRafaela circulou no Facebook na última semana. Tratava-se de um protesto contra um caso de racismo ocorrido na Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Professor Carlos Frederico do Rêgo Maciel, localizada em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife (RMR). O ocorrido resultou em uma aluna transferida da escola pública.

no Leia Já

Foto: Reprodução Leia Já

Tal aluna é acusada de, inicialmente, ofender a jovem Rafaela na internet. Na publicação que fez, ela diz ter nojo da colega de classe. Outra aluna da mesma turma, que não quis se identificar, conta que ao chegar à escola na sexta-feira (15) foi abordada por Rafaela contando ter sido alvo de ofensa na internet. A acusada ainda teria se referido a Rafaela dentro da sala de aula como “negrinha feia”.

Mostrando forte poder de mobilização, os estudantes realizaram um protesto dentro da escola no próprio dia do fato. Os alunos começaram a colar em suas fardas folhas de caderno com frases como “meu sangue é negro”  e “não ao racismo” e a mobilização se espalhou para outras salas. “Então a coordenadora foi na nossa sala e arrancou os papéis de nossas fardas e falou que era uma palhaçada o que estávamos fazendo”, contou Cecília Ribeiro, da mesma sala de Rafaela.

Na hora do intervalo, os jovens continuaram em clima de protesto, fazendo com que o diretor da unidade convocasse as duas envolvidas para uma reunião. “Depois o gestor levou a vítima e a agressora para a minha sala e falou que ela se arrependeu e que estava tudo resolvido. Mas não está nada resolvido, pois ela não se arrependeu. Só vamos descansar quando a mesma for expulsa”, Cecília complementou.

No sábado (22), alguns alunos que se envolveram na manifestação, como a jovem que não quis se identificar, foram convocados pelo diretor, que informou que a aluna havia sido transferida. “O legal foi que a escola inteira tomou uma iniciativa de não deixar passar impune esse acontecimento. Abraçaram a causa de uma forma muito boa, sem badernas”, resume a adolescente. De acordo com a Secretaria de Educação de Pernambuco, o colégio se reuniu com os pais das duas envolvidas. A decisão de transferir a estudante acusada de racismo, conta a pasta, partiu da própria família dela.

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...