‘No Brasil se julga mais quem cometeu o crime do que o ato em si’, afirma especialista

Por: Felipe Ribeiro e Adilson Arantes

 

O debate sofre a forma que a policia age no Brasil foi assunto na tarde desta quinta-feira (2) no Jornal da Banda B edição da tarde. Para o sociólogo Pedro Bodê, do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná, a violência no nosso país tem uma origem na escravidão e há uma separação clara entre duas partes da sociedade, a rica e a pobre.

“Tudo começa nos privilégios existentes no Brasil, é impossível separar a segurança pública da sociedade violenta e dos privilégios. Como exemplo, podemos pensar o porquê de separar quem tem curso superior dos outros detentos. Há diferenças se caso venham a cometer um homicídio”, questionou.

Segundo Bodê, a origem dessa separação vem da escravidão e o Brasil nunca conseguiu expurgar os malefícios da época. “Até hoje existem trabalhadores em serviço escravo. Quanto menos dinheiro, menos poder e menos direitos. Em nenhum outro lugar no mundo quem tem curso superior fica separado do resto da sociedade”, afirmou.

Bodê defende a ideia de que todo o cidadão tem direito a defesa e afirma que quem está na cadeia é a parcela pobre da sociedade, que não pode pagar para se defender. “Quem está na cadeia é o pobre. Cerca de 75% dos presos são os de pequeno delito, que se tivessem defesa, estariam cumprido penas alternativas. A defensoria pública está sendo instalada agora e o debate que ofereça penas alternativas esses delitos deve ser colocado”, comentou.

Reestruturação da Polícia

Durante a entrevista, Bodê afirmou que a polícia brasileira é preparada “para a guerra”, e a desmilitarização é um caminho a ser buscado. “As policias consideradas mais eficazes do mundo são as civis. O problema é da estrutura, do modelo, ela precisa ficar mais humana. O povo não é inimigo, o conceito de inimigo é o do extermínio”, garantiu.

Segundo ele, a polícia comunitária pode ser um caminho, mas propagar a “cultura da paz” é fundamental. “Vivemos na cultura do medo, da insegurança, e a insegurança leva à violência”, completou.

 

 

Fonte: Bandab

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