No Complexo do Acari, Buba Aguiar tem seu nome escrito na história das grandes heroínas da nossa geração

Sinônimo de luta e força, que são resultados de suas escolhas e de seus ideais, a jovem moradora, cria do Complexo do Acari, escreve mais um capítulo da sua história ajudando moradores nesse período de pandemia.

Ela é de uma coragem que impressiona. Uma fortaleza de mulher que não deixa a peteca cair, muito pelo contrário, todo dia é dia de luta, dia de guerra e está sempre preparada para o que der e vier. Aos 28 anos, completado hoje, dia 14 de julho, sua biografia já poderia ser de uma heroína da vida real, daquelas que luta pelos direitos de todos, que briga pelos seus, que sofre pelo descaso e abandono do poder público e que ecoa a voz dos favelados.

Estudante de ciências sociais da UFRJ, Bruna Aguiar, ou como é conhecida por todos, Buba Aguiar, é o nome dessa mulher que está na luta contra a pandemia. E, deixa bem claro que não existe uma personagem. A Bruna e a Buba são as mesmas pessoas com os mesmos sonhos e objetivos. “Os sonhos das duas são os mesmos, pois não existe a Bruna, sem Buba, pois a Buba não é um personagem, e o meu sonho é que as pessoas digitem Complexo ou Favela do Acari no Google e vejam na pesquisa que aqui temos bailarinas, arquitetos, médicos, sociólogos e professores, oriundos daqui” Ressalta a comunicadora.

Pensando sempre no coletivo, a militante e cria da favela do Acari almeja que os projetos na favela funcionem com melhores estruturas, principalmente os projetos autônomos de culturas, esporte e lazer.
E foi dessa forma, pensando sempre no próximo, que Buba encarou o desafio de estar à frente do Coletivo Fala Acari, fazendo cadastro, oferecendo assistência, levando alimentação e dignidade aos moradores.

“A vida me deu esse lugar, a militância não me permite a ausência nesse momento, o fronte é para os corajosos.” comenta a militante.

Diante dessa luta, em meio a correria do dia a dia, ela fala sobre o medo de perde seu pai, que está no grupo de risco: “Eu morro de medo de perder meu pai, ele tem uma saúde muito boa, mas eu não me vejo sem ele, que é a minha base, inclusive minha base política, a luta pelo povo está no meu sangue, vem dele, sem ele do meu lado, eu não sou ninguém.”

Buba também fala desse cotidiano criado na pandemia e da sensação da pós-ação diária na favela. De acordo com ela, é uma mistura de sentimentos, tristeza pelo abandono do poder público e, em alguma medida, alento e conforto, pois os moradores, independentemente da situação, podem contar com a Buba para o que for preciso, e quantas vezes for necessário.

A ativista fala também a respeito da experiência de histórias marcantes que está vivendo neste período difícil. “Na comunidade Terra Nostra, conheci uma moradora que perdeu seus filhos para a assistência social e tá lutando para tê-los de novo. Isso me marcou, pois além de confiar em nós a sua história, ela ajudou a mobilizar os moradores mais necessitados dessa localidade para poder receber as doações. Mesmo com a dor, ela criou forças para continuar lutando e ajudando o próximo.”

Com uma equipe pequena dando o apoio, diante da urgência e necessidade dos moradores, Buba classifica esses anjos como “poucos e valorosos”, e extremamente emocionada diz que não conseguiria passar por esse momento, e nem por outros, sem essa ajuda, que são tão importantes. Desta maneira, finaliza agradecendo por tudo.

“Eu não sou sozinha, eu não faço nada sozinha, eu tenho os meus comigo, com os pés no chão, segurando minha mão, é a eles que eu agradeço, Luiz, Miria, Vanessa, minha prima Patrícia, meu pai, Stebam, Jéssica, Ingrid, Marquinho e Barbara.”

O dia a Buba tem mais de 24h. Ela está presente na favela, nas redes, nas lutas, nas causas sociais, na militância, nos estudos, no dia a dia, nas palestras, seja fazendo seu Yôga, cuidando de Madalena (sua gata que é sucesso nas redes), seja com seu pai, que é seu maior alicerce, ou até mesmo escrevendo suas poesias.

Buba é ou não é um exemplo de resiliência? E esse é só mais uma capitulo da história dessa heroína, a qual vem nos ensinar que empatia, gratidão, solidariedade e resiliência podem influenciar e transformar a vida das pessoas. Vida longa à Buba, a fim de que possa escrever novas histórias nessa trajetória de vida que vem construindo.

+ sobre o tema

Vilma Reis toma posse como Ouvidora Geral da DPE

“Nas noites em que pacientemente cosemos as redes da...

Carla Akotirene lança “Ó Pa Í, Prezada” nessa terça em Salvador

Lançamento acontece em Salvador no dia 17 de março Enviado...

Coronel Helena dos Santos Reis: a PM que ela quer

A coronel Helena dos Santos Reis, 45 anos, toma...

Pretaria Blackbooks – Antirracismo por assinatura

A Pretaria Black Box entrega conhecimento para vencer o...

para lembrar

Medidas econômicas de Bolsonaro contra o coronavírus são inferiores às de outros países, aponta FGV

As medidas anunciadas pelo governo de Jair Bolsonaro para...

Ellis Marsalis Jr., pianista e lenda do jazz, morre aos 85 anos vítima do coronavírus

Americano é patriarca de família de músicos, entre eles...

Ialorixá Wanda d’Omolú: ‘O mundo precisa tirar o mofo’

Criadora do Centro Cultural de Tradições Afro-brasileiras YIê Asè...
spot_imgspot_img

Mortes maternas e de recém-nascidos não têm queda desde 2015, diz OMS

O número de mortes maternas e de recém-nascidos não apresenta queda significativa desde 2015 e chega a 4,5 milhões de ocorrências a cada ano, aponta a OMS...

Fraude na vacinação é falta de caráter

O sérvio Novak Djokovic é o tenista número um do mundo. Aos 35 anos, caminha para uma centena de títulos, 22 deles em torneios...

Desigualdade entre países prolonga pandemia de covid-19

O que define uma pandemia é a disseminação descontrolada de uma doença em todos os continentes, causando epidemias em todas as partes do mundo,...
-+=