Janeiro é o mês da Visibilidade Trans. Momento em que se aproveitam os holofotes voltados à comunidade T para promover trabalhos e personalidades que merecem reconhecimento do grande público.
Desde a estreia do seu álbum CAJU, no segundo semestre de 2024, a cantora Liniker tem despontado como um dos principais nomes da nossa Nova MPB, um grande feito para artistas independentes. Trans, negra e de periferia, a paulista de Araraquara furou a bolha e tem emplacado shows no país inteiro com ingressos esgotados em 20 minutos e sessões extras em todas as capitais por onde passa com a turnê.
Liniker é, sem dúvida, o principal nome de uma cena efervescente de artistas trans negros que vêm trazendo suas narrativas, construindo estéticas e resistindo com excelência na criação musical e audiovisual em um mercado que cada vez mais incentiva e promove obras produzidas a partir de fórmulas prontas, descartáveis e de rápido consumo.
Neste cenário efervescente, uma nova geração de artistas trans e negros se destaca, trazendo frescor e autenticidade à música brasileira. Com uma trajetória promissora e vozes que falam diretamente sobre suas vivências, esses artistas estão prontos para conquistar seu merecido espaço no cenário musical mainstream.
Transmasculinidades em cena
Brisas Project é um artista transmasculino não-binário e dragqueer natural de Altamira, no Pará. Talentoso e multifacetado, Brisas também é uma experiência visual e performática que, desde 2016, explora sua criatividade de forma independente. Cantor, compositor, violonista, guitarrista e performer, Brisas utiliza a música e o transformismo para questionar estigmas de gênero e navegar por temas como amor, ancestralidade e subjetividades negras e trans. Sua performance dragqueer adiciona uma camada de fantasia e impacto visual à sua arte.
Em janeiro lança o single Bom, Mas Foi Ontem, que captura a essência das paixões fugazes – intensas, rápidas e inesquecíveis – traduzindo a sensação de ser levado por lembranças leves. Amores que foram bons, mas ficaram no ontem, no antes, em nós. O single abre caminhos para o lançamento do EP Perdoa, álbum com quatro faixas autorais a ser lançado em março deste ano.
Ainda entre os transmasculinos, destaca-se o mineiro Akin Zahin, cantor, ator e modelo de Belo Horizonte. Jovem afroindígena da favela do Marimbondo, Zahin desponta como uma das grandes promessas do R&B nacional. Eleito o homem trans mais bonito do país pelo concurso Mister Trans Brasil em 2024, o artista aborda temas como autoestima, empoderamento e desejos em suas obras.
Após seus dois últimos singles lançados, Nova Era e Olhando pra Mim, mesclas de R&B e Drill, destacou-se em eventos como a Caminhada Trans e a Virada Cultural de Belo Horizonte em 2024. Filho da The Loyal Kiki House of Cabal, o multiartista também fomenta a cultura Ballroom, sendo referência de autoestima, lifestyle e empoderamento para outros homens trans e transmasculinos. Para 2025, prepara novos lançamentos, incluindo um feat com o rapper Emy Roots.
Conterrâneo de Zahin, o jovem Emy Roots lançou em dezembro seu primeiro álbum, Gênero, com 11 músicas autorais e tendo como primeiro single a música Não-Binári & Exibido, um rap que trata das vivências de um jovem não-binário, preto e favelado na capital de seu estado. O clipe que ilustra a faixa foi especialmente lançado no último 20 de novembro, produção independente estrelada por uma juventude trans festejando em um cenário que poderia retratar qualquer periferia do país.
Talento travesti
Nomes transfemininos também figuram entre as apostas de sucesso para 2025, refletindo o sucesso da contemporânea Liniker. Destaque para a pernambucana Caetana, cantora, atriz, dançarina e produtora musical e executiva. Sua obra a traduz como uma poeta humanista, urbana e marginal. Aos 31 anos, já realizou mais de 80 shows, participações especiais, collabs e produtos artísticos. Com dois álbuns lançados, a artista tem se destacado e vem sendo cotada como representante da música nordestina mundo afora, consagrando-se como a primeira travesti a gravar um frevo no Brasil.
Figura na lista da revista Rolling Stones como uma das 25 vozes que olham para o futuro da música brasileira, em seu projeto Future of Music, lançado pela primeira vez no Brasil em março do último ano. Para 2025, Caetana promete um álbum de inéditas com composições autorais em frevo, samba e outros gêneros, shows e collabs com artistas nacionais, dos novos aos consagrados.
Outras artistas como a maranhense Enme, a baiana Majur e a paraibana Bixarte completam a lista daquelas que vem trilhando caminhos autênticos e potentes, com faixas que acumulam milhares de views nas plataformas de música. Neste mês da visibilidade trans, conheça e apoie nossos artistas. Siga nas redes sociais, consuma sua música, compartilhe!
Zaíra Magalhães