Novembro Negro na UFMG para aquilombar-se nas lutas

Unegro Minas participa das atividades do Novembro negro na UFMG. Confira detalhes e programação

Por Renata Valentim, do Vermelho 

Divulgação

Na edição de 2019, o Novembro Negro da UFMG convida todas (os) para construção de uma sociedade antirracista, justa e equânime, principalmente para mobilizar-se contra o conjunto de desvalorização das políticas públicas do governo Bolsonaro. Com o tema “Aquilombar-se em tempos de luta” a proposta da juventude negra da UFMG é resgatar o saberes e a força de nossos antepassados para que possamos resistir aos tempos difíceis. Nesse sentido, “Aquilombar-se” representa uma postura ativa de cada indivíduo que se posiciona política e socialmente buscando o rompimento de uma estrutura opressora, racista, patriarcal. Além do que, é um convite para descolonizar o pensamento, reconhecer as mazelas de um passado escravocrata e, sobretudo, mirar em uma postura efetiva de combate ao racismo e à opressão capitalista. Neste sentido, a programação está repleta de atividades culturais, acadêmicas e artísticas que evidenciam que a discussão racial é elemento fundamental para mudanças concretas na sociedade.

Em tempos de luta, “aquilombar-se” é preciso!

Uma ampla discussão sobre o racismo no meio acadêmico e profissional marca nesta sexta-feira, dia 8, a programação do Novembro Negro da UFMG. As atividades, organizadas pelo Projeto Observatório do Racismo e da Informação (ORI), serão realizadas na Escola de Ciência da Informação (sala 1000), no campus Pampulha, durante todo o dia. De acordo com a pesquisadora Franciéle Garcês, as discussões vão girar em torno das relações interpessoais, acadêmicas e profissionais e do impacto do racismo na sociedade e da urgência de se elaborar estratégias coletivas para combater o fenômeno nesses ambientes.

Para Alexandre Braga, presidente da Unegro e membro da Comissão de Ações Afirmativas e Inclusão Social da UFMG, “diferentemente de outros anos, agora é a própria juventude estudantil que entrou na universidade quem está protagonizando não só a agenda dos eventos, mas as diversas mobilizações por direitos dentro e fora da Universidade. E isto é muito bom”, conclui.

Arte negra em cena

A Praça de Serviços, no campus Pampulha, recebe, dentro da programação estendida, seis apresentações de música e dança, duas delas de arte de autoria negra. Na terça-feira, dia 12, a partir das 12h30, o cantor e compositor Gui Ventura faz o show Dois lados. O músico, que atualmente cursa Letras na UFMG, vai se apresentar acompanhado de Rafael Dejero (baixo), Hugo Bizotto (teclado) e Edgar Siqueira (bateria). O repertório inclui canções do seu primeiro disco, além de músicas inéditas que transitam entre a MPB e a world music.

Na quarta-feira, 20 de novembro, também às 12h30, a bailarina Júnia Bertolino apresenta o espetáculo de dança Corpo negro em cena. Seu objetivo é retratar os incômodos, as verdades, tristezas e alegrias que atravessam o corpo negro. Segundo a artista, que também é antropóloga e arte-educadora, a montagem é resultado de pesquisas sobre as corporeidades afro-brasileiras e africanas presentes na literatura, no teatro, na música e na dança.

Masculinidades negras

Na quinta-feira, dia 14, a partir das 18h30, o auditório da Escola de Ciência da Informação (sala 1000) recebe a mesa-redonda Masculinidades negras: a (re)invenção do homem negro para além do racismo e do patriarcado. A atividade reunirá homens, pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, que falarão de suas experiências e debaterão percursos e possibilidades de reinvenção de espaços, autoestimas e imagens de um novo homem negro dentro da sociedade contemporânea. A organizadora da atividade, Débora Estevam Araújo, conta que o principal objetivo é lançar luz sobre uma questão ainda negligenciada. “A masculinidade tem nuances que também estão condicionadas a questões sociais que atravessam o indivíduo. Quando se fala em ‘masculinidade negra’, faz-se um recorte que é, ao mesmo tempo, racial e de gênero, porque é uma tendência que a masculinidade seja estudada como fenômeno homogêneo, o que, na maioria das vezes, trata de vivências do grupo hegemônico, ou seja, da branquitude”, analisa Débora. Para ela, é necessário compreender as demandas específicas do homem negro e de como elas impactam diferentes esferas da sua vida, como a construção da sua autoestima, da sexualidade e das relações afetivas.

O Novembro Negro é promovido pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis e sistematizada pelo Centro de Convivência Negra, Movimento Negro da UFMG, Diretoria de Ação Cultural e tem apoio da Apubh. Para conferir a programação completa acesse: https://www.ufmg.br/novembronegro/.

Com informações da UFMG, Renata Valentim.

+ sobre o tema

Lançamento do livro de Nelson Mandela: Conquistando o Inimigo

Nelson Mandela se recusava a aceitar o apartheid, regime...

Negras Palavras: Dramaturgias Negras (Homenagem à Ruth de Souza) – 07 de dezembro (sábado)

07 de dezembro (sábado), 11h | Negras Palavras: Dramaturgias...

Campanha propõe a afirmação da identidade afrodescendente no Censo 2011

Pela primeira vez, em um Censo Nacional, os uruguaios...

para lembrar

Leões africanos estão na mira dos traficantes de animais

Máfias asiáticas estão trocando a caça ao rinoceronte, que...

“Aulas de História do Brasil: é disso que precisamos!”

Não é exagero dizer que, nos 8 de Brasileiros,...

O desafio de ser uma bailarina negra em uma única foto

Todas as bailarinas se comprometem com os rituais das...

Rihanna confirma gravidez do primeiro filho com o namorado A$AP Rocky

Agora sim! Após diversos rumores negados de que estaria grávida, Rihanna confirmou...
spot_imgspot_img

Reconhecimento da Unesco pode difundir ainda mais Maracatu Nação

O envio do dossiê do governo federal com o pedido de reconhecimento do Maracatu Nação, também conhecido como baque virado, como Patrimônio Cultural Imaterial...

Milton Nascimento recebe título de Doutor Honoris Causa pela Unicamp

O cantor Milton Nascimento recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). A honraria foi concedida em novembro de 2024. A entrega aconteceu na casa do artista,...
-+=