O 8 de março significa muitas coisas para as mulheres. Ver o árduo caminho que já percorreram permite perceber a força para não desistir de seus objetivos, por mais inalcançáveis que eles pareçam ser. Vemos nossas guerreiras em diversos ambientes silenciadas e hostilizadas, assim como no ambiente universitário e profissional.
Por Walmyr Junior, do Jornal do Brasil
Não esqueçamos que são elas que acumulam duplas ou triplas jornadas de trabalho, garantem o cuidado da família e a manutenção da casa, porém como bem disse a militante da MMM (Marcha Mundial das Mulheres) Naiara O’dwyer em seu texto publicado no site da Marcha “o dia oito nunca é sobre aquelas que nos outros dias do ano são assediadas na rua, abusadas por estarem sozinhas numa festa, julgadas pelas roupas que vestem, discriminadas pela orientação sexual e pela identidade de gênero, hostilizadas por engravidarem fora de um relacionamento estável, condenadas por optarem por interromper uma gestação, violentadas nas macas de hospitais na hora do parto”.
Ato da marcha
Para problematizar essas especificidades, o coletivo de Mulheres da PUC-Rio está organizando um seminário que conscientiza, repensa e celebra a semana do Dia Internacional da Mulher.
Para uma das organizadoras, Thalita Ferreira, integrante do coletivo de Mulheres, a semana do Dia Internacional da Mulher é uma das possibilidades que as estudantes da universidade e toda sociedade são chamadas para debater as violações e direito das mulheres na sociedade brasileira e no mundo.
“No movimento de mulheres, nós lutamos umas pelas outras. Muitas mulheres antes de mim brigaram para ter direito à educação, muitas mulheres negras até hoje brigam muito para encontrar seu lugar nas universidades. E entendendo as várias opressões que diferentes mulheres sofrem e também as batalhas em diversos âmbitos que já vencemos, tivemos o cuidado de montar uma programação com eventos que procuram trazer um olhar atento para as diversidades das mulheres e suas particularidades dentro da nossa sociedade patriarcal e racista.”
No dia 8 de março, as ruas do Centro do Rio de Janeiro foram tomadas pelas mulheres que com cartazes, motes e muita luta, organizaram o ato pelo Dia Internacional da Mulher que aconteceu na Alerj.
“Não conquistamos tudo que nos é de direito, mas já chegamos bem longe. Vamos ocupar cada vez mais as universidades, as ruas, os cargos de comando, o governo e mais todos os lugares que quisermos. E não vamos parar até que todas sejamos livres!”, concluiu Thalita.
Com o intuito de promover o debate feminista no espaço universitário através de atividades e palestras que visibilizem as causas e questões das mulheres simbolicamente marcadas no 8 de Março, toda comunidade PUC e adjacências é chamada para aproveitar a programação que se estende até esta quinta-feira.
PROGRAMAÇÃO:
Quinta-feira (10/03): 15h
Mesa: Feminismo Periférico e Arte – F301A
Aika Cortez (Rapper, MC)
Sabrina Ginga e Taisa Machado do Afrofunk Rio (Grupo feminino de música e dança negra)
Viviane de Salles (Organizadora do Poesia de Esquina – Cidade de Deus)
Mediação: Professora Sarah Silva Telles (PUC-Rio)
Festa de encerramento: 19h
//CASOC – Vila dos Diretórios//
Evento gratuito e aberto ao público. Maiores informações em:
https://www.facebook.com/ColetivoDeMulheresPUCRio/
* Walmyr Júnior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor, membro do MNU e do Coletivo Enegrecer. Atua como Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.