O Brasil vive tempos sinistros. Mesmo no mundo acadêmico, onde deveria reinar a diversidade e o pensamento plural, existem pessoas dispostas ao expor o seu racismo de forma deliberada. Um espanto, mas antes um mal social.
por Mailson Ramos enviado para o Portal Geledés
O que pode ensinar um professor que odeia pretos e pardos? Nada. Ainda que ele detenha todo o conhecimento do mundo, está fadado a não transmitir nada. O professor José Guilherme de Almeida, docente na área Geografia do Instituto Federal de São Paulo, disse que odiava pretos e pardos “falando muito e comendo de tudo por muito tempo”.
Estudei numa universidade negra, militante. Os meus professores eram, em sua maioria, brancos. Mas todos eles tinham uma percepção incrível das relações sociais numa cidade como Salvador, da vida dos seus alunos, negros e pobres. Cotista, tive o melhor dos aprendizados que foi a sensibilidade política e a noção aprofundada dos males da nossa sociedade, como a desigualdade social e a miséria.
Não é possível conceber que um professor conserve tais pensamentos racistas. Pensamentos que ofendem a grande maioria e demonstram uma incapacidade do cidadão médio brasileiro de conviver com pessoas de cor e sexualidade diferentes. Ele, o professor José Guilherme de Almeida pode até ter o bom gosto de ouvir Mozart, mas não passa de um sujeito retrógrado, racista, xenófobo, antissocial.
Como professor, ele é a quintessência do atraso, um modelo carcomido da sociedade que ainda guarda ranços imundos. Esta sujidade que surgiu num post de rede social marca também o período em que o Brasil, pelas mãos de gente inescrupulosa e conservadora, andou para trás. Continuamos andando.
Retrocessos são pautados por mentes assim, racistas. Gente que odeia pretos, pardos e pobres. Gente que está no mundo para se considerar melhor do que os outros por causa da cor da pele. Gente que odeia gente.