Depois do ataque racista a Jerome Boateng, muito bem rechaçado pelo colega Walter Paneque na semana passada, o mesmo imbecil, o político Alexander Gauland mudou seu alvo: resolveu vomitar islamofobia para cima de Mesut Özil.
Por Alcysio Canette, no ESPN
O ataque teve início após o jogador ter divulgado no Instagram uma foto sua visitando Meca durante o Hajj, a peregrinação que todo mulçumano com condições para tal deve fazer ao menos uma vez na vida.
A foto, diga-se, é muito bonita, mostra um cara completamente desprovido de suas vaidades, em meio a uma multidão que não está nem aí para o fato dele ser uma grande estrela do futebol.
Mas, é claro, a oportunidade era boa demais para que um racista como Gauland a ignorasse, aproveitando para ofender cada um dos mais de 4 milhões de mulçumanos que moram na Alemanha, afirmando que peregrinar a Meca é um ato antidemocrático que ataca a Constituição alemã e deveria ser vedado a qualquer um que está no serviço público, de bombeiros a políticos, de policiais a professores.
Não preciso nem dizer que jamais veríamos o mesmo nível de ataque caso um jogador católico fizesse uma peregrinação até Fátima ou Lourdes.
Seguindo, afirmou que Özil joga pela seleção alemã apenas porque era melhor para a sua carreira e que ele despreza profundamente o país.
O mesmo Özil, que jogou por anos deslocado para a ponta esquerda para acomodar melhor o pensamento de jogo de Löw. Chegou a afirmar à época que o importante era uma seleção alemã forte e vitoriosa, e não um “Mesut Özil show”.
O mesmo Özil, que tem pais alemães, que passou a vida inteira no vale do Ruhr e já afirmou que, quando se aposentar, deseja voltar a morar na Alemanha pois é aonde se sente mais à vontade.
Curioso que ele reclame do excesso de imigrantes na seleção e como isso faz com que se perca o senso de orgulho nacional da mesma citando negros e mulçumanos, mas jamais Lukas Podolski, um polaco de nascimento.
Como diria Brecht, a cadela do fascismo está sempre no cio.