O racismo e o novo Capitão do Mato

Acompanhado de meu cunhado e sua namorada, fui conferir o primeiro dos quatro dias de festas do réveillon de Salvador. Na programação estava uma banda que raramente toca em minha cidade, ainda mais de graça para o povão. Me refiro ao grupo musical Paralamas do Sucesso.

Logo na chegada, enquanto estava na fila aguardando a revista das pessoas que adentravam ao cercado, notei que os Policiais Militares faziam uma triagem e realizavam as revistas apenas em algumas pessoas. Ao me aproximar um pouco mais, notei que as revistas eram “aleatórias” e que dentre os que “aleatoriamente” eram selecionados para a revista,100% eram negros.

Quando da nossa vez, o policial liberou a passagem da namorada do meu cunhado por ser mulher, e a dele, provavelmente por ser branco. Em mim fez uma revista quase que minuciosa. Me olhava com uma cara de mau, como quem perguntasse “o que você veio fazer aqui?”. Minha alegria logo virou tristeza e depois de revistado, fui liberado e fiquei por um tempo meio calado e pensando naquela cena ridícula pela qual acabará de passar.

O detalhe da história é que os policiais que praticavam aqueles atos RACISTAS eram todos negros. Pareciam, ou eram de fato, os novos Capitães do Mato. Agiam com o mesmo comportamento dos Capitães de outrora, e assim, se achavam diferentes dos que eles reprimiam e revistavam.

Sobre o show, foi tudo dentro do previsto. Poucas brigas, mas muitos furtos. Ju Moraes, provou ter uma boa presença de palco, mas pouca voz. Já Herbert Vianna, comandou o Paralamas do Sucesso em mais uma grande apresentação.

 

 

Fonte: Blog do Rogério Neiva

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