Olha o Carnaval feminista aí, gente!

Minha carne é de Carnaval e meu coração é igual, e por isso tá difícil segurar a ansiedade pra este que será meu primeiro carnaval no Brasil em três anos. Acabei sendo obrigada optando por ficar em São Paulo, e conversando com um amigo há alguns dias fui elencando os blocos em que pretendo brilhar nas próximas semanas: Bloco da Abolição, Bloco Soviético, Bloco do MAL,Bloco do Peixe Seco… “Quanto bloco engajado! E cadê o bloco feminista?” Boa pergunta: cadê, gente?

Por Carolina de Assis, do  Opera Mundi 

Bom, no Rio este ano tem o Mulheres Rodadas, que na esteira do maravilhoso tumblr Mulher Rodada vai pra rua no dia 18 de fevereiro lembrar que a gente rooooda e dá pra todo mundo, mas não dá pra qualquer um.

O Grêmio Anárquico Feminazi Essa Fada também estreia este ano, mas em Recife (QUERO), com esquenta no dia 07 de fevereiro e desfile no dia 17. No manifesto, essas fada lembram que não, elas não se importam com o que pensam, e que o Carnaval é o melhor momento para festejar nossa liberdade:

 

Há melhor cenário para colocar em prática o adágio de que as boazinhas vão para o céu, mas as outras vão aonde quiserem? Assim, nós, mulheres que queremos ser o que nos aprouver, somos qualqueres, ordinárias em quereres, somos essas, somos aquelas, somos tantas, somos todas as possibilidades de ser. Essas que rompem padrões, essas que não se submetem, essas que lutam, essas que buscam suas próprias expectativas ao invés de atender às alheias. Essas de corpo e mente livres. Sou dessas mulheres que dizem sim, sou essa que voa.”

 

Um bloco que não é necessariamente feminista (ou é?) mas que vai celebrar as mulheres e nossos direitos durante o Carnaval é o carioca Comuna QUE PARIU. O Comuna sai dia 16 de fevereiro com o enredo “Lugar de mulher… é onde ela quiser”:

 

Eu fui bebê num berço Rosa chá
Depois boneca pra criar
Se eu brincava de chuveirinho no xixi
Já me diziam ‘tira a mão daí’
‘Palavrão é feio’
‘Isso não são modos’
‘Passa a faca nos pentelhos’
‘Cruza essa perna logo’
Antes dos treze me passaram a mão
Se fiquei quieta, a culpa é da opressão

 

Sou santa, sou puta, sou filha da luta
Machismo é porrada e piada sutil
Lugar de mulher é… é onde ela quiser!
E no Comuna Que Pariu!

 

Em São Paulo, tem o Bloco da Dona Yayá, da União de Mulheres do Município, que desfila desde 2001 no bairro do Bixiga, sempre no domingo anterior ao Carnaval, este ano no dia 08 de fevereiro. O tema do bloco este ano é “Mulheres Encarceradas”, para denunciar as condições degradantes a que detentas são submetidas no Brasil, agravadas por elas serem mulheres.

ilu

Mas o bloco que tem mais espaço no meu coração é o Ilú Obá de Min, que este ano desfila na sexta-feira de Carnaval, dia 13 de fevereiro. No Ilú, cujo nome significa “As mãos femininas que tocam tambor pro rei Xangô”, o foco é nas mulheres negras e na cultura afro-brasileira. Como contam as fundadoras no vídeo abaixo, o bloco foi criado justamente para empoderar mulheres no tambor e na dança, e é constituído quase exclusivamente por mulheres (homens são bem-vindos, mas a coordenação, a liderança e o protagonismo são delas).

Tá lindo, tá gostoso, mas acho que pode ter muitos mais blocos feministas pelo Brasil, hein? Conhece algum? Comenta aqui embaixo ou manda email que eu atualizo aqui: [email protected].

 

+ sobre o tema

Identidade de gênero: a comunidade mexicana onde há mais do que homens e mulheres

"Qual tratamento você prefere: feminino ou masculino?", perguntei a...

Doodle do Google homenageia a escritora Carolina Maria de Jesus

Brasileira é autora do livro 'Quarto de Despejo: Diário...

para lembrar

Após agressão a mulheres, Dado Dolabella se declara “feminista”

Dolabella é uma figura bastante comentada quando o assunto é...

Documentários Brasileiros mostram a realidade sobre o aborto no país

Dia 28 de setembro é o dia Latino Americano...

Aplicativo que auxiliará mulheres vítimas de violência entra em fase de testes

Um ano depois da assinatura do termo de cooperação...

Após 8 anos, encontro nacional reúne mais de 350 mulheres quilombolas

"Quando uma mulher negra tomba, todo o quilombo se...
spot_imgspot_img

Prêmio Faz Diferença 2024: os finalistas na categoria Diversidade

Liderança feminina, Ana Fontes é a Chair do W20 Brasil, grupo oficial de engajamento do G20 em favor das mulheres. Desde 2017, quando a Austrália sediou...

Dona Ivone Lara, senhora da canção, é celebrada na passagem dos seus 104 anos

No próximo dia 13 comemora-se o Dia Nacional da Mulher Sambista, data consagrada ao nascimento da assistente social, cantora e compositora Yvonne Lara da Costa, nome...

Mulheres recebem 20% a menos que homens no Brasil

As mulheres brasileiras receberam salários, em média, 20,9% menores do que os homens em 2024 em mais de 53 mil estabelecimentos pesquisados com 100...
-+=