ONU cobra mais esforços da Costa do Marfim no combate a estupro e violência de gênero

Novo relatório do Escritório de Direitos Humanos da ONU e da Operação das Nações Unidas no país revela que, de 2012 a 2015, mais de 1,1 mil casos de estupro foram registrados. Desses episódios, 66% envolviam vítimas crianças. Apenas 20% dos incidentes resultaram em condenação.

Da ONU

De janeiro de 2012 a dezembro de 2015, 1.129 casos de estupro foram registrados na Costa do Marfim. Desses episódios, 66% envolviam vítimas crianças. Embora 90% dos incidentes tenham sido investigados, menos de 20% resultaram em condenação.

Os números alarmantes são de um novo relatório divulgado na terça-feira (12) pela Operação da ONU na Costa do Marfim (UNOCI) e o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).

Os dois organismos pediram mais esforços das autoridades nacionais para combater e prevenir a violência sexual e pôr fim a impunidade de criminosos envolvidos.

“Apesar do fim das hostilidades desde 2011 e do alívio trazido pela estabilização gradual, os casos de estupro, cometidos principalmente por indivíduos, continuam”, observaram as agências da ONU.

“A predominância do estupro foi provavelmente agravada em consequência dos anos de conflito ocorridos no país, que fomentaram uma cultura de violência devido ao clima geral de insegurança e foram marcados pela impunidade por conta da falta de repressão sistemática.”

De acordo com o documento, todos os 203 casos que terminaram em condenação foram “reclassificados” – uma prática comum de julgar o estupro como um crime menor e que recebe uma condenação menos grave.

Outros pontos levantados pelo relatório como os principais obstáculos na luta contra o abuso sexual são as decisões e os procedimento judiciais demorados, bem como as várias deficiências na condução das investigações. A estigmatização das vítimas, que dificulta a denúncia dos casos, é também outro empecilho.

“A Costa do Marfim tem registrado nos últimos anos progressos significativos em termos de direitos humanos, mas a persistência do estupro e da impunidade em relação aos criminosos continua sendo preocupante e precisa de uma ação urgente”, disse o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein.

“Através dos esforços já implementados, as instituições da Costa do Marfim têm demonstrado que estão plenamente conscientes da dimensão do problema. No entanto, devem fortalecer ainda mais os seus esforços para lutar contra a violência sexual, particularmente através da implementação da Estratégia Nacional contra a Violência de Gênero e do apoio de agências da ONU “, explicou o chefe da UNOCI, Aïchatou Mindaoudou.

Como parte de suas conclusões, o documento dos organismos da ONU pede ações específicas e urgentes para a prevenção do abuso de crianças e recomenda que as autoridades da Costa do Marfim “garantam que todas as vítimas de violência sexual tenham acesso à justiça através de assistência gratuita”.

Governo também deve considerar a realização de sessões especiais nos tribunais penais para os casos de estupro, a fim de tornar a lutar contra esse crime mais eficaz e ágil.

+ sobre o tema

Mulheres terão vagão exclusivo em trens e no metrô de São Paulo

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp)...

Homem é preso sob acusação de violência sexual no metrô de SP

Um homem foi detido na última quarta-feira, 13, após...

Personalidade Literária do Prêmio Jabuti 2022: Sueli Carneiro

Sueli Carneiro é a primeira Personalidade Literária do...

Diálogos Feministas: Análise de conjuntura e desafios para a defesa da democracia

Esta publicação traz uma síntese do debate realizado: uma...

para lembrar

Sozinha enfrentei tudo isso. E sobrevivo.

Quando penso em tudo que precisei enfrentar, sozinha, eu...

“Mulher que depende de homem está perdida”, diz Fernanda Montenegro

O programa "Na Moral" desta quinta-feira (14) debateu o...

Manifesto por juristas negras no Supremo Tribunal Federal

A construção histórica do Brasil registra recorrentes interrupções na...

8 sinais de que caiu na armadilha de um manipulador emocional

Muitas pessoas percebem na hora que estão sendo manipuladas, pois...
spot_imgspot_img

Malala: ‘Nunca pensei que mulheres perderiam seus direitos tão facilmente’

Uma bala não foi capaz de silenciá-la, e agora Malala Yousafzai está emprestando sua voz às mulheres do Afeganistão. Em apenas alguns anos desde que o Talebã retomou o controle do país,...

Produção percorre rotas oginais do tráfico de escravizados na África séculos depois

A diretora baiana Urânia Munzanzu apresenta o documentário "Mulheres Negras em Rotas de Liberdade", como uma celebração à ancestralidade, à liberdade e às lutas...

Ministério das Mulheres lança guia sobre prevenção a feminicídios

O Ministério das Mulheres está divulgando uma cartilha do Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios, produzida em parceria com a ONU Mulheres, com o objetivo...
-+=