Não se trata de defesa partidária. Mas de uma constatação óbvia: a campanha contra o governo Dilma, estimulada pela oposição que foi derrotada nas eleições passadas e com amplo apoio da indústria midiática contribui para o retrocesso no campo dos direitos humanos e da luta pela equidade racial e de gênero. O avanço do conservadorismo tem proporcionado uma aliança do fundamentalismo religioso que se autodenomina como evangélico e neopentecostal com a direita liberal e extrema-direita.
Por Dinnis de Oliveira , do Quilombo
A oposição apoiou abertamente a eleição de Eduardo Cunha à presidente da Câmara. Este conseguiu uma base de apoio junto ao baixo clero do Congresso com promessas tipo garantir passagens às esposas dos parlamentares. O seu nome está na lista do procurador geral da República no caso Petrobrás. E este mesmo deputado diz que a descriminalização do aborto só será aprovada “sobre o seu cadáver”.
No mesmo espectro político, o ex-guerrilheiro Aloysio Nunes, senador pelo PSDB (partido que tem, entre os seus quadros, o ativista dos direitos humanos Paulo Sérgio Pinheiro) defende a redução da maioridade penal para 16 anos. Este mesmo partido, no governo paulista há décadas, promove um crescimento vertiginoso do encarceramento e o aumento da violência policial como medidas de combate à criminalidade.
E toda esta galera saiu as ruas junto com grupos que defendem a intervenção militar, repete chavões anticomunistas dos tempos da Guerra Fria e tudo o mais. Não se trata de defender o governo atual que tem erros de sobra para serem criticados – em especial, os acenos á direita que tem feito desde a sua posse. Mas sim de entender que esta direita que avança pode significar um imenso retrocesso nos direitos humanos e na luta contra a discriminação de raça e gênero que teve avanços importantes nos últimos anos. O que fica bem nítido no ódio expresso no cartaz exibido pela manifestante acima em que diz “feminicídio sim”, uma crítica à sanção da lei que criminaliza com maior rigor o assassinato de mulheres.