Paraisópolis capacita moradores em primeiros-socorros e cria 60 bases de emergência

Em mais uma ação de combate à pandemia do coronavírus, Paraisópolis, uma das maiores favelas de São Paulo, capacitou 240 moradores para atuarem como socorristas em bases de emergência na comunidade.

Serão 60 bases, 10 em cada microrregião do local: Centro, Grotão, Grotinho, Brejo, Prédios e Antonico. Os brigadistas estarão equipados com pranchas longas, kits de primeiros socorros, e Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s).

A formatura dos socorristas acontece nesta quarta-feira (6), na Arena Palmerinha, em Paraisópolis. A iniciativa é uma parceria da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis, o G10 das Favelas, o Grupo Bombeiro Caetano (GBC) e a Associação Bombeiro Mirim Juvenil Voluntário (BMJV).

Além dos novos socorristas, a União de Moradores irá contratar 12 bombeiros civis para atuar nas bases de emergência. Os recursos para a compra dos equipamentos e para manter os profissionais estão sendo levantados em uma campanha de financiamento coletivo na internet.

“Em Paraisópolis, o Samu dificilmente chega. A situação ficou pior depois que a base que atendia a região fechou”, disse Gilson Rodrigues, presidente da União de Moradores. Ele contou que os atendimentos não serão específicos para Covid-19, mas para qualquer pessoa que necessite de atendimento.

No início da pandemia, a comunidade se uniu e contratou ambulâncias, médicos e enfermeiros. “Nós entendemos que apesar de termos contratado ambulâncias e profissionais que ficam 24 horas atendendo à comunidade, esta demanda precisaria ser acompanhada mais de perto”, disse Gilson. “O socorrista pode começar esse atendimento para assim que a ambulância chegar poder assumir esse trabalho”.

Além disso, o líder comunitário destaca que os moradores capacitados pelos Bombeiros estão aptos para ajudar na retirada de corpos em lajes e locais estreitos em um possível agravamento da pandemia.

“A gente tem visto em alguns lugares do mundo que os corpos têm sido abandonados pelos seus parentes e a gente não quer viver essa situação”, disse Gilson Rodrigues.

Um dos moradores que realizou o curso é Givanildo Pereira Bastos, de 20 anos. Ele trabalha como coordenador de projetos sociais e teve sua primeira experiência na área da saúde. “Para mim foi uma experiência totalmente nova, algo fora da minha realidade. Depois disso fiquei mais interessado nessa área, para poder estar ajudando cada vez mais”.

Coordenador de projetos sociais, Givanildo participa de capacitação em socorrista para atuar em Paraisópolis — Foto: Givanildo Bastos/Arquivo pessoal

O curso ofereceu aprendizados em primeiros-socorros, como massagem cardíaca. Uma das simulações em especial emocionou Givanildo ao pensar que poderia realizar essa manobra na vida real. “Me deixou arrepiado o momento em que a gente colocou uma pessoa na maca e fez um corredor gigante, passando essa pessoa na maca de mão em mão”.

Em nota enviada ao G1 anteriormente, a Secretaria Municipal da Saúde disse que o Samu “não restringe nenhuma área de atendimento na cidade de São Paulo e que, a Atenção Básica, através dos seus equipamentos de saúde, está promovendo diversas ações para garantir o atendimento e informação nas comunidades”.

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