Pelo nosso futuro comum: audite o lixo e use ecossacolas

(Foto: João Godinho)

Fonte: O Tempo –

Uma leitora indagou como não descartar lixo em sacos e sacolas de plástico. E não imaginava que eu fosse “verdosa”. Para começo de conversa, fora a coleta seletiva, a reciclagem e a compostagem, só saco de lixo ecológico. Aos trancos, estou aprendiz em auditar meu lixo. Nem chego a ambientalista, imagine a ecologista ou ecóloga!

por: Fátima Oliveira

Reverencio a sociobiodiversidade, o ativismo ecológico e a filosofia “slow food”: prazeres da ecogastronomia, em contraposição ao “fast food”; aprendo com o conceito de “food miles”: a “pegada carbônica” dos alimentos (como são transportados e produzidos); aprecio a filosofia da vida simples, a simplicidade voluntária, como estilo de vida; e tento ser consumidora consciente, reduzindo compras de supérfluos. Em casa, dizem que virei mi-se-rá-vel! Aspiro desplastificar minha vida dispensando sacolas plásticas. Zenzice? Sabedoria ou ranhetice da velhice?

No último Dia Mundial dos Oceanos, 8 de junho, foi dito que parte expressiva do lixo nos 5 oceanos (Atlântico, Pacífico, Antártico, Índico e Ártico), em alguns lugares chegando de 60% a 80%, é plástico (garrafas, sacos e embalagens). O impacto em seres marinhos é desconhecido. A “sopa plástica” do Oceano Pacífico – 1.000 km X 10 m de profundidade – já dá sinais da dialética da natureza. O albatroz e a tartaruga-marinha confundem plástico com comida! Pesquisa no Mar do Norte – um mar do Atlântico – revelou pedaços de plástico no estômago de 95% dos pássaros fulmaros glaciais!

Há experiências pessoais e diferentes leis sobre as sacolas plásticas, com cara de políticas de redução de danos. É aprender com elas em nome do nosso futuro comum. Bombaim (Índia) e Dhaka (Bangladesh) proíbem sacolas plásticas; Bélgica, Irlanda, Itália e Taiwan cobram imposto sobre elas; na Alemanha, Espanha, Holanda, Noruega e Suíça, paga-se pelo uso delas; na África do Sul, Eritreia, Quênia, Ruanda, Somália, Tanzânia e Uganda, sacolas plásticas finas estão proibidas e as mais espessas, tributadas; a Austrália e o Reino Unido discutem proibições ou impostos.

A China, que chama a poluição plástica de poluição branca, consumia 60 bilhões de sacolas plásticas/ano. As sacolas plásticas finas são proibidas e supermercados cobram pelas mais resistentes um preço não inferior ao custo delas (2008). O consumo baixou 66%! Se o comerciante doar sacolas plásticas, é multado. Nos EUA não há lei nacional; varejistas e a indústria de plásticos fazem lobby contra a proibição e impostos. Propõem coleta seletiva e reciclagem. San Francisco e Oakland (Califórnia) aboliram sacolas plásticas. A Califórnia promove as ecossacolas e supermercados são obrigados a aceitar sacos vazios para reciclagem.
Temos algumas leis municipais, inclusive em Beagá, e estaduais (GO, ES, MA e RJ) que substituem sacolas plásticas por biodegradáveis, oxi-bio e as retornáveis. Santa Catarina discute lei similar. O governador Serra alegou que o tema exige lei nacional e vetou o PL sobre sacola plástica oxi-biodegradável.

Na Câmara dos Deputados, o PL 612/07 (Flávio Bezerra, PMDB-CE, 29.3.07) substitui sacolas plásticas por ecológicas de degradação natural. No Senado, o PLS 424/08 (Serys Slhessarenko, PT-MT, 7.11.08) proíbe sacolas plásticas e adota as de papel, reutilizáveis, ou biodegradáveis. Precisamos de uma lei federal de redução de danos, que agregue proibição e pedagogia, pois ecologia se promove é com ampliação de consciência e não com omissão diante de práticas danosas ao meio ambiente.

Matéria original: Pelo nosso futuro comum: audite o lixo e use ecossacolas

-+=
Sair da versão mobile
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.

Strictly Necessary Cookies

Strictly Necessary Cookie should be enabled at all times so that we can save your preferences for cookie settings.

If you disable this cookie, we will not be able to save your preferences. This means that every time you visit this website you will need to enable or disable cookies again.