Plano de Aula – One Love, um amor: todos juntos é bem melhor

One Love, um amor: todos juntos é bem melhor

Este é um plano de aula vencedor do I Concurso de Planos de Aula do Portal Geledés, aplicando a Lei 10.639/03

Professora: Míghian Danae Ferreira Nunes

Matéria: Educação Infantil
Turma/Série: Segundo Estágio (05 a 06 anos)
Cidade: São Paulo Estado: São Paulo

COMPONENTE CURRICULAR: APLICANDO A LEI 10.639/2003

APRESENTAÇÃO

Nas turmas de educação infantil, comumente trabalhamos com sequencias didáticas ou projetos educativos, um bimestre, conseguem visto que, sendo realizado em tempos como uma semana, um mês ou mesmo alguns dias, conseguem aliar-se a uma perspectiva de trabalho que pensa a educação menos compartimentada. Tais sequencias ou projetos inserem- se numa perspectiva transdisciplinar e, nesse sentido, este plano de aula será realizado não apenas em um dia, mas numa sequencia de atividades propostas durante quatro dias, no final do mês de junho de 2013. Esta sequencia tem por nome One Love, um amor: todos juntos é bem melhor, inspirada no livro adaptado de Cedella Marley, da música de seu pai, Bob Marley. A partir da leitura do livro, elaboramos atividades sequenciais que privilegie representações estéticas outras que não aquelas tidas como norma numa sociedade calcada num padrão europeu de beleza, além de registrar uma parte da história da população negra no continente americano.

OBJETIVOS

Com estas atividades, desejamos:

. Oferecer às crianças um livro de boa qualidade artístico-literária, onde elas possam ver-se representadas nas imagens e também na história contada;

. Apresentar o mapa-múndi, localizando a África, o Brasil e parte do continente americano, localizando a Jamaica, país onde nasceu o autor da música adaptada por sua filha para o livro apresentado, bem como o reggae;

Bob Marley
Bob Marley

Acesse a história do Reggae: Parte 1, Parte 2, Parte 3

. Explanar, de maneira simples, a história da população negra no continente americano e nós chegamos até este continente;

. Relacionar a história da população negra na Jamaica e no Brasil (o que tem em comum estes dois países?), através de fotografias pesquisadas na Internet;

CONTEÚDOS

Além de trabalhar História e Geografia, Linguagem Oral e Escrita, Artes Visuais e Música e Movimento (Expressão Corporal), acreditamos que um livro onde as crianças sintam-se representadas esteticamente e atividades que permitam a socialização das crianças, a interação entre seus pares e os adultos, colaborem para uma convivência escolar prazerosa, na perspectiva das relações humanas, aí incluídas as relações raciais.

METODOLOGIA

O trabalho aqui apresentado segue uma metodologia não-diretiva, dialógica, convidando as crianças a participarem da confecção das atividades, de acordo com o interesse geral da turma. Inicialmente, as atividades serão propostas, mas também haverá espaço para a inclusão de outras atividades relacionadas e trazidas pelas crianças, numa tentativa de incluí- las na organização do processo educativo. A metodologia privilegiará assim, a participação e a produção coletiva, em consonância não apenas com o próprio conteúdo do livro, mas também com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico- Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Brasília, 2004), entre outros documentos.

Desse modo, propomos:

Primeiro dia: Leitura do livro para as crianças, com a contextualização da história do livro, apresentando também fotografias da autora e da ilustradora, seus nomes, onde moram, quem são e porque fizeram o livro (dados obtidos no livro). Após esta atividade, desenho sobre o livro, inspirado nas ilustrações ou apenas no texto;

Segundo dia: Leitura do livro, mas sem mostrar as figuras. As crianças serão convidadas a fechar os olhos e viajar no texto. Logo após esta atividade, na sala de vídeo, escutaremos a música One Love e veremos o clipe produzido à época, que por sinal tem uma criança como principal protagonista (ele passeia pela cidade e convoca várias crianças e pessoas adultas para dançar, negras e brancas). Conversaremos sobre o clipe e sobre a música e as crianças poderão dançar, imitando as crianças que aparecem no clipe exibido. Depois, as crianças poderão inventar novos passos ou dançar como sentirem-se melhor. Nesse momento, faremos uma roda de conversa para contar um pouco sobre o reggae e sua criação, relacionando com um ritmo brasileiro também criado por negros em diáspora no Brasil, o samba. Perguntaremos se alguém conhece o samba e se sabe alguma música. As Diretrizes Curriculares citadas anteriormente apontam como ação educativa de combate ao racismo e a discriminação “a valorização da oralidade, da corporeidade e da arte, como a dança, marcas da cultura de raiz africana, ao lado da escrita e da leitura (p. 20).

Terceiro dia: As atividades começarão com a audição da música e o estímulo para que as crianças dancem sozinhas, em pares ou em grupo. Na sala de vídeo, utilizaremos o projetor ou a lousa digital para apresentar o mapa-múndi e localizarmos nele a Jamaica e o Brasil. Conversaremos sobre como esta cultura negra chegou até as Américas mostrando um mapa da diáspora africana e falando, resumidamente, desta passagem histórica. Ouviremos novamente a música e, ao som dela, pediremos às crianças que produzam um desenho, esse agora livre, inspiradas no que sentiram enquanto ouviram a música. Após o desenho, perguntaremos o que sentiram, fazendo anotações sobre as impressões e expressões infantis.

Quarto dia: Com as imagens do livro em projeção na lousa digital e a música ao fundo, convidaremos novamente as crianças para dançarem reggae. Nesse dia, a intenção é organizar uma roda de conversa para saber se alguma criança já tinha ouvido a música ou conhecia o ritmo. Depois desse momento, as crianças assistirão uma montagem com fotografias de crianças, da família de Marley, suas filhas e esposa, assim como fotografias da Jamaica. Um painel com o desenho deste país será confeccionado, para que nele as crianças possam expor seus desenhos, feitos no dia anterior.

Os recursos materiais que serão utilizados não serão muitos, visto que estamos pensando num plano de aula que possa ser organizado em escolas também com poucos recursos. São eles:

Livro One Love, de Cedella Marley;

  • Folha sulfite;
  • Lápis de cor, giz de cera, hidrocor, cola e tesoura; . Televisão e rádio;
  • Computador ou notebook;
  • Projetor;
  • Fotografias extraídas da Internet da Jamaica (preferencialmente, buscaremos fotografias que possam dar conta da diversidade de espaços existentes na Jamaica, praia e prédios, etc. Buscaremos fotografias de jamaicanos e jamaicanas, mas privilegiaremos fotografias de crianças);
  • Mapa-múndi;

 

AVALIAÇÃO

A avaliação em educação infantil não pode é vista como em outras áreas ou níveis de ensino, onde as crianças passam por provas e obtém notas para testar conhecimentos sobre determinados assuntos ou necessitam elaborar um produto final para comprovar que aprenderam. A avaliação em educação infantil está relacionada também com o modo como as crianças participaram das atividades, como se envolveram e também diz respeito ao compromisso das demais pessoas envolvidas no trabalho pedagógico (professoras, corpo técnico da escola), que amplia a noção de avaliação e concede a esta um outro lugar no processo educativo. Sendo assim, entendemos que a avaliação começa quando iniciamos o trabalho com as crianças e o envolvimento destas, bem como a participação e as falas durante as atividades serão o maior termômetro para avaliarmos se as atividades foram bem sucedidas, ou seja, se conseguimos fazê-las perceber as relações entre a música e o movimento, se conseguiram compreender a partir do mapa apresentado, parte do movimento da diáspora que aconteceu no Brasil e em outros lugares do mundo.

A intenção deste trabalho desde a educação infantil é poder introduzir imagens positivas relacionada à população negra desde cedo entre as crianças, contando histórias que estão espalhadas pelo mundo, mas guardam conexões com nossas histórias aqui no Brasil, sem deixar de levar em conta o modo próprio como este grupo produz conhecimento e conta histórias. Este plano de aula pretende ser uma das atividades ao longo do ano letivo que, em consonância com tantas outras e ao oportunizar o reconhecimento de sua história, possa levar as crianças negras a sentirem-se segura em participar, expressar sentimentos com mais autonomia e desenvoltura.

Conforme a Lei de Diretrizes e Bases, alterada pela lei 10.639 de 09 de janeiro de 2003, a escola deve incluir em seu currículo a história e a cultura africana e afro-brasileira. Acreditamos que atividades que privilegiam a arte, a música e o movimento podem e devem ser combinadas com atividades com um conteúdo específico de disciplinas escolares, pois é assim que as crianças brasileiras, nascidas e criadas numa cultura afro-brasileira, se expressam e, como tal, devem ter seus modos de fazer respeitados.

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais (2004): “a relevância do estudo de temas decorrentes da história e cultura afro-brasileira e africana não se restringe à população negra, ao contrário, diz respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade multicultural e pluriétnica, capazes de construir uma nação democrática” (p. 17). Além disso, é importante que, ao conhecer sua história, negros e negras possam reconhecer-se como produtores de conhecimento, partícipes da construção da sociedade que temos e sintam-se incluídos para proporem novos caminhos para a melhoria da mesma.

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Martins Fontes: para comprar o livro

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico- Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileiras e Africanas. Brasília, 2004: Conselho Nacional de Educação.

BRASIL. Presidência da República. Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências.

Cedella MARLEY
Cedella MARLEY

MARLEY, Cedella. One Love. Martins Fontes, 2011. Sites:

Jamaica:

Bandeira da Jamaica
Bandeira da Jamaica
Jamaica02
A beleza da Jamaica
Jamaica03
As belezas da Jamaica
Jamaica04
O turismo na Jamaica

Crianças jamaicanas:

Crianças Jamaicanas
Crianças Jamaicanas
Crianças Jamaicanas
Crianças Jamaicanas
Crianças Jamaicanas
Crianças Jamaicanas
Crianças Jamaicanas
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Crianças Jamaicanas

Pessoas jamaicanas:

Usain Bolt
Usain Bolt
Usain Bolt
Usain Bolt
Um musico Jamaicano
Um musico Jamaicano
Tyson Beckford
Tyson Beckford
Sheryl Lee Ralph
Sheryl Lee Ralph
Patrick Ewing
Patrick Ewing
Os Herois velocistas da Jamaica
Os Herois velocistas da Jamaica
musicos jamaicanos
musicos jamaicanos
Mulher Jamaicana
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jamaicanos
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jamaicano
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Jamaicano Joven
Jamaicano Joven
Harry Belfonte, Bob Marley e Grace Jones
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Harry Belafonte
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Grace Jones
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A mulher do camarão
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50 cent
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