PMs de São Paulo matam uma pessoa a cada 10 horas

Em 2014, PMs mataram 926 pessoas no Estado de SP; são 5 mortos por PMs a cada dois dias | Arte Junião
Em 2014, foram 693 casos de “mortes sob intervenção policial” e outros 223 de homicídios dolosos (intencionais) cometidos por PMs, no trabalho ou fora dele. No mesmo período, 75 policiais foram mortos no Estado

por  no Ponte

Policiais militares do Estado de São Paulo mataram uma pessoa a cada 9 horas e 46 minutos, em média, durante o ano de 2014.

É o que revela levantamento sobre a letalidade policial realizado pela Ponte a partir de dados do Centro de Inteligência e da Corregedoria (órgão fiscalizador) da Polícia Militar de São Paulo. Foram 926 mortes cometidas por policiais militares em 2014.

Dessas 926 nos últimos 12 meses, 693 são chamadas de “morte sob intervenção policial”, antes chamada de “resistência seguida de morte”.  São casos apresentados pelos PMs como resultados de supostos enfrentamentos a tiros com suas vítimas.

As outras 233 mortes cometidas por policiais militares no Estado de São Paulo foram homicídios dolosos (intencionais). São casos como vingança, brigas de bar, trânsito, motivos passionais e etc.

A letalidade dos policiais militares de São Paulo em 2014 é a mais alta desde julho de 1995, quando o governo estadual começou a apresentar dados sobre a violência.

Nem mesmo nos anos de 2006 (608 mortos por PMs) e 2012 (715), quando as forças de segurança do Estado e integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) entraram em confronto, a letalidade policial foi tão alta como em 2014.

Ao considerar as mortes de civis (10.790) e de militares (1.210), estivessem eles no trabalho policial ou de folga, 12.000 pessoas morreram no Estado de São Paulo, desde julho de 1995, nesses casos.

São 51 mortes a cada mês, em média, nos supostos confrontos entre PMs (5 mortos) e civis (46).

Outro lado

Procurado para se manifestar sobre como pretende diminuir as mortes envolvendo PMs no Estado de São Paulo, o secretário da Segurança Pública da gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), Alexandre de Moraes, empossado no início de 2015, informou, por meio de nota oficial:

“Todos os casos de mortes em decorrência de intervenção policial são investigados pelo DHPP [departamento de homicídios, da Polícia Civil] e pela Corregedoria da PM. Em janeiro, o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, criou o Conselho Integrado de Planejamento e Gestão Estratégica. Este órgão, que reúne os comandos das polícias e setores de inteligência e planejamento da SSP, terá como uma das funções principais definir mecanismos para reduzir a letalidade”

A nota da pasta não informou quais medidas as duas autoridades pretendem adotar para evitar o aumento da letalidade policial no Estado de São Paulo. De 2013 (574 mortos) para 2014 (926), o aumento das mortes cometidas por PMs foi de 61%.

Também procurado pela reportagem, o comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, Ricardo Gambaroni, não se pronunciou. Ele assumiu o cargo em janeiro deste ano.

letalidade-PM-década-2004-a-2014

 

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...