Os seis policiais militares investigados por participação na morte de um menino de 10 anos com um tiro na cabeça no último dia 2 estão trabalhando na Corregedoria da Polícia Militar, órgão encarregado de investigá-los, em procedimento paralelo ao conduzido pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
NoA Secretaria de Estado da Segurança Pública não deu detalhes sobre o motivo de envio para atuação na Corregedoria, onde os policiais prestarão serviços administrativos. Os homens estão lotados no 16º Batalhão da PM, que atende a zona oeste e parte da sul, e começaram a trabalhar lá na última segunda-feira, 13.
O ouvidor das Polícias do Estado, Julio César Fernandes, achou “surpreendente” a decisão de pôr os policiais investigados para dar expediente no órgão que os investiga.
“É surpreendente que eles, que são a peça da investigação, sejam levados para a Corregedoria. A PM tem os procedimentos dela, e ela costuma agir dentro do regulamento”, afirmou.
O Caso
O menino de 10 anos foi morto dentro de um carro furtado, na Vila Andrade, na zona sul da capital. Os policiais sustentam que a criança atirou contra eles enquanto fugia. Laudo pericial mostrou que as mãos do garoto continham rastros de pólvora, mas a luva que ele supostamente usava, não.
Outro menino que participava da ação, de 11 anos, parceiro do garoto morto, disse, no terceiro depoimento prestado, ter sido agredido e ameaçado antes de gravar um vídeo reforçando essa versão. Em outro depoimento, afirmou que o colega estava desarmado. A testemunha e sua família entraram no Programa de Proteção à Criança e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM).
Laudo divulgado na terça-feira pela Secretaria da Segurança confirmou que o projétil que acertou a criança na cabeça saiu da arma de um dos policiais militares. O advogado Marcos Manteiga, que os representa, não foi localizado para comentar o resultado na terça-feira.