No início do século XIX, a Rainha Tereza de Benguela comandava o Quilombo do Quariterê, em Cuiabá. No Quilombo de Quaritê, um dos redutos mais famosos de escravos fugidos, Tereza de Benguela, além de rainha era presidenta.
por Arísia Barros
Com mão de ferro a rainha-presidenta Tereza estabeleceu barreiras estruturais para que a geografia do racismo não soterrasse a condição “sine qua no” da população negra e indígena: o direito à liberdade.
Por quase duas décadas, a mulher negra, quilombola comandou um exército de homens como elemento simbólico de resistência a massificação do poder do homem, branco católico, dito heterossexual.
A rainha Tereza foi morta após o ataque de bandeirantes e como resultado deste processo histórico, o Projeto de Lei do Senado (PLS) 23/09, de autoria da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), consagrou o 25 de julho como o o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, alertando que a situação da mulher negra brasileira deverá ser debatida a cada dia 25 de julho, em todo o país.
No dia 25 de julho, a presidenta Dilma Roussef faz sua primeira e tão esperada visita a Alagoas.
Alagoas é a terra da rainha Aqualtune, que como Tereza confrontou valores da época ao idealizar o Quilombo dos Palmares e ousar contra a hegemonia patriarcal e racista.
O Quilombo dos Palmares o maior símbolo da resistência negra, nas terras de Cabral.
Somos hoje no Brasil,em torno de 36 milhões de mulheres negras e pardas, mas nosso retrato em preto e branco continua fora da moldura social. Uma parecença com o segregacionismo das instituições contemporâneas.
A presidenta do Brasil está em Alagoas. Alagoas fica localizada no Nordeste do Brasil que é a região brasileira com o maior número proporcional de negros, entretanto, a voz da resistência negra simbolizada pelas rainhas Aqualtune e Tereza de Benguela, quase nunca consta na agenda de debates da presidenta Dilma.
Hoje é o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra e Dilma Roussef, a primeira mulher a assumir o cargo de presidenta está em visita a Alagoas e vem tratar da miséria social, que nos territórios alagoanos expulsa diariamente, com o consentimento de tantos e muitos, uma anônima população despossuída, na sua maioria de pele preta e parda, de suas casas e as põem na rua.
Alagoas abrigou em Palmares, a primeira República Negra do Brasil, entretanto muitos engenhos contemporâneos ainda fazem uso da ideologia escravagista e promovem a indefectível seleção social e étnica. Uma cota na República dos Marechais!
Apesar de todas as desigualdades impostas pelo racismo institucional, seja bem vinda presidenta Dilma, a terra de Aqualtune e tantas outras guerreiras negras, no Dia Nacional da Mulher Negra.
Fonte: Cada Minuto