Os piores presságios chegaram ao Haiti na manhã desta quarta-feira. O presidente Jovenel Moïse foi assassinado a tiros na madrugada, por homens armados que invadiram e atacaram sua residência, no bairro de Pelerin, em Porto Príncipe (capital do país), segundo informou no início da manhã o primeiro-ministro interino, Claude Joseph. A primeira-dama, Martine Moïse, também foi baleada no atentado, mas foi socorrida com vida e encaminhada a um hospital. Um comunicado divulgado por várias embaixadas do Haiti no exterior aponta que o ataque foi cometido por pessoas não identificadas, e que muitas delas “falavam em espanhol”. Um dos filhos do presidente testemunhou o ataque, mas saiu ileso.
Em nota assinada pelo primeiro-ministro interino, o Governo haitiano pediu calma à população e garantiu que tanto a polícia quanto o Exército foram convocados para garantir a ordem no país. “A situação está sob controle. Estou em uma reunião para garantir a segurança e tomar todas as medidas para a manutenção do Estado “, relatou Joseph. Ao final da reunião, o político declarou estado de sítio no Haiti, uma medida que coloca as Forças Armadas como fiadoras máximas da segurança.
Filho de um comerciante e uma costureira, Jovenel Moïse concedeu uma entrevista exclusiva ao EL PAÍS, em fevereiro, na qual acusou o andamento uma tentativa de golpe de Estado organizado por um grupo de famílias e empresários “que controlam os principais recursos do país, que sempre instalaram e removeram presidentes e que utilizam as ruas para causar desestabilização”, afirmou, sustentando que não deixaria o poder até 2022. “Meu mandato começou em 7 de fevereiro do 2017 e termina em 7 de fevereiro do 2022. Entregarei o poder ao seu proprietário, que é o povo do Haiti. Os oligarcas corruptos, acostumados a controlar presidentes, ministros, Parlamento e Poder Judiciário pensam que podem tomar a presidência, mas só existe um caminho: eleições. E eu não participarei dessas eleições.”