Pretaria Blackbooks – Antirracismo por assinatura

A Pretaria Black Box entrega conhecimento para vencer o racismo

Por MÔNICA COSTA, do Grana Preta

Imagem retirada do site Grana Preta

Qual é a melhor estratégia contra o racismo, o preconceito e a intolerância? O conhecimento. Esta é uma premissa defendida por todos que acreditam na força da educação para transformação social. E foi este um dos propósitos que levou a especialista em direitos humanos Mirtes Santos a criar o Pretaria BlackBooks, primeiro Clube de Assinaturas Antirracista do País. “Acreditamos que o incentivo à leitura seja um caminho para que a sociedade brasileira reconheça suas origens africanas e ameríndias e busque valorizar suas histórias e memórias culturais”, diz Mirtes, quilombola do Angelim, em Conceição da Barra, norte do Espírito Santo e Mestra em Direito e Sociologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro.

Quantos escritores negros e negras você conhece?

São muitos e talentosíssimos, como já mostramos no artigo: “Criatividade e valentia sustentam as editoras negras do Brasil “ aqui no Grana Pretta. Entretanto, a Câmara Brasileira de Livros, aponta que há atualmente cerca de 25 clubes de assinaturas de livros no Brasil, com um total de 2 milhões de assinantes, mas nenhum deles foca na literatura produzida por escritores negros e negras que abordem temáticas relacionadas às questões raciais, racismo ou práticas antirracistas.

Por isso o clube Pretaria BlackBooks ganha ainda mais protagonismo e inovação pela sua proposta literária. “Nosso trabalho é pioneiro e totalmente desenvolvido por mulheres negras, ativistas e intelectuais, pesquisadoras das literaturas e das relações étnico-raciais no Brasil e no mundo”, conta.

E neste sentido, o Clube Pretaria está buscando novas parcerias com editoras e autores interessados em fortalecer as publicações de autoria negra e antirracista, muitas vezes colocadas de lado nas prateleiras das grandes livrarias, isso quando estão lá.

Esta iniciativa é fundamental em um mercado editorial que não destaca escritores ou editoras negras. “Queremos dar visibilidade a autoria negra, principalmente para escritores desconhecidos ainda do grande público, mas que tem contribuído muito para o combate ao racismo por meio da literatura”.

Criatividade e inovação, claro!

Imagem retirada do site Grana Preta

O Clube nasceu em 25 de julho de 2015, exatamente no dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha. Entretanto, a plataforma online www.pretaria.com.br foi lançada em agosto de 2019 com o apoio de um financiamento coletivo no site Benfeitorias. E já no mês de dezembro de 2019 a Pretaria estreou com a entrega de mais de 200 livros para 157 assinantes no Brasil e no exterior.

Assim, a primeira BlackBox trouxe uma fundamental obra do escritor cubano Carlos Moore, Racismo & Sociedade (2012), que possibilita ao leitor uma compreensão das raízes epistemológicas do racismo na história da humanidade. “Na BlackBox de janeiro de 2020, em parceria com a Editora Letramento, disponibilizamos aos nossos leitores o mais novo lançamento no Brasil, a tradução em português do Best-Seller Why I’m No Longer Talking to White People About Race – “Por que não converso mais com pessoas brancas sobre raça” (2019) da premiada jornalista britânica Reni Eddo-Lodge”, diz Mirtes.

Imprescindível para todo mundo!

Este é um assunto que precisa ser tratados por todos e é por isso que os assinantes da Pretaria já se espalham pelo Brasil, desde o Amapá até o sul do país na divisa com o Paraguai e se estende pelos Estados Unidos e Cabo Verde, no continente africano. “Nós estamos desenvolvendo nossa plataforma que já está no ar e apresentamos os planos de assinaturas mensal, semestral ou anual para todos os públicos adultos, ou seja: negros que queiram aprofundar na literatura antirracista; ou para brancos que reconhecem a imprescindibilidade de uma formação antirracista especializada.

Mas a grande novidade do Clube Pretaria é que em breve lançará o Plano Infanto-Juvenil para contemplar crianças e adolescentes – público primordial para a formação antirracista e construção de uma sociedade mais justa e informada -. “Em breve disponibilizaremos também um canal de diálogo com o leitor para compartilhamento de opiniões e esclarecimentos sobre os planos e as obras selecionadas pela curadoria”, avisa.

 

Para saber mais acesse www.pretaria.com.br

Texto publicado em: https://granapretta.com.br/antirracismo-por-assinatura/

+ sobre o tema

Vozes-Mulheres de escritoras e intelectuais negras

"A voz da minha bisavó ecoou criança nos porões do...

Casa da Cultura recebe exposição em homenagem ao Dia da Mulher Negra

Exposição e debate tratam sobre o feminismo negro no...

Motorista de van xinga homossexual e depois passa com o veículo por cima dele três vezes

Policiais da 74ª DP (Alcântara) investigam a morte de...

Carta para Isabela

Filha minha, O menino nasceu e com ele uma mãe,...

para lembrar

O machismo faz a cama do fascismo, alertam líderes de movimento de mulheres da França

A ascensão de governos de ultradireita em vários países...

Dieese: Mulheres gastam 95% mais tempo com afazeres domésticos que homens

Uma pesquisa realizada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas...

As mulheres que cultivam mandioca no Suriname para vendê-la nos Países Baixos

Tania Liew-A-Soe é a presidenta e fundadora da cooperativa...

Mulher negra avança no social, mas segue distante no trabalho e na política

Mulher, negra, estudou, foi à faculdade, tem um bom...
spot_imgspot_img

Mulheres Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Intersexo, lançam Comitê Impulsor Nacional para a Marcha Nacional de Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver

Durante a abertura da 12ª edição do SENALESBI – Seminário Nacional de Lésbicas e Mulheres Bissexuais, que acontece de 16 a 18 de maio em...

No DR com Demori, Cida Bento debate a desigualdade racial no Brasil

O programa DR com Demori, da TV Brasil, recebe nesta terça-feira (13) a psicóloga e escritora Cida Bento, que já figurou entre as 50...

Esperança Garcia: quem foi a escravizada considerada a 1ª advogada do Brasil

Acredita-se que Esperança Garcia, uma escravizada que vivia em fazenda localizada a 300 quilômetros de onde hoje é Teresina, no Piauí, tivesse apenas 19 anos quando escreveu...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.