Procuradoria-geral da República investigará SBT por apologia ao crime

 

Órgão aceitou o requerimento enviado pela deputada federal Jandira Feghali, líder da bancada do PCdoB na Câmara.

Por Anna Beatriz Anjos

O procurador-geral da República e chefe do Ministério Público Federal, Rodrigo Janot, acatou, na última quinta-feira (27), o requerimento apresentado pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) contra o SBT.

No documento, protocolado pela parlamentar em 11 de março, Jandira pedia a abertura de inquérito contra a emissora por apologia ao crime, devido ao episódio envolvendo a jornalista Rachel Sheherazade. Solicitava, também, que Janot oficiasse à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), requerendo a suspensão de verbas publicitárias federais à empresa de Silvio Santos. No dia 20 de fevereiro, ela própria já havia enviado um ofício à Secom com o mesmo pedido.

Em entrevista à Fórum, Jandira explicou a razão pela qual decidiu tomar a medida. “O que ela [Sheherazade]fez foi se utilizar de uma concessão pública, de uma TV aberta, que tem verba publicitária oficial do governo federal, para incitar o crime, o ódio, a justiça com as próprias mãos, fazendo disso uma plataforma completamente inconstitucional, contra o Código Penal, contra o estado democrático de direito”, declarou.

Janot concordou com a deputada. “Não se pode pregar contra o Estado democrático. Isso é muito sério. Vamos agilizar o caso junto do sub-procurador responsável pela representação”, afirmou, segundo a assessoria de imprensa de Feghali. Ele indicou, ainda, que reunirá a equipe da Procuradoria-geral da República para colher informações e analisar o material audiovisual de Sheherazade na bancada do SBT Brasil, um dos periódicos da casa.

Ataques na rede

Logo após acionar a Procuradoria-geral da República e a Secom, Jandira Feghali passou a ser atacada por internautas que a acusaram de censura. Ela conta que chegou a ser ameaçada de morte pelo Facebook. “Vamos à Polícia Federal pedir a identificação do IP para ver de onde parte a ameaça à vida”, relata. ”Não estou tirando a liberdade de opinião, estou impedindo a incitação ao crime, ao ódio, à violação constitucional e à justiça com as próprias mãos, que é o que ela incita e faz. Isso não tem nada a ver com censura, é preservação do estado democrático de direito”, rebate a parlamentar.

A polêmica em torno da figura de Sheherazade se deu quando ela iniciou a campanha “Adote um bandido”, em um comentário realizado durante a transmissão do telejornal que apresenta. Em sua fala, a jornalista se referia ao caso do adolescente de 15 anos que, suspeito de roubo, foi amarrado nu a um poste no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro.

“O contra-ataque aos bandidos é o que eu chamo de legítima defesa coletiva em uma sociedade sem estado, contra um estado de violência sem limites. E aos defensores dos direitos humanos, que se apiedaram do marginalzinho preso ao poste, lanço uma campanha: faça um favor ao Brasil e adote um bandido”, disse Rachel.

 

 

 

Fonte: Revista Fórum

 

 

 

 

+ sobre o tema

Brancos, vamos falar de cotas no serviço público?

Em junho expira o prazo da lei de cotas nos...

Em junho, Djavan fará sua estreia na Praia de Copacabana em show gratuito

O projeto TIM Music Rio, um dos mais conhecidos...

O precário e o próspero nas políticas sociais que alcançam a população negra

Começo a escrever enquanto espero o início do quarto...

Estado Brasileiro implementa políticas raciais há muito tempo

Neste momento, está em tramitação no Senado Federal o...

para lembrar

Der Spiegel: PM carioca é pior que as gangues

  “Pior do que gangues”. Esta é a...

Secretário de Haddad diz que disparo contra jovem no Jaçanã foi intencional

Rogério Sottili conversou com parentes e amigos do rapaz...

Em Alagoas todo dia se mata um jovem Zumbi!

por Arísia Barros   Em Alagoas o genocídio de jovens negros...

O racismo e o novo Capitão do Mato

Acompanhado de meu cunhado e sua namorada,...
spot_imgspot_img

Negros são maioria entre presos por tráfico de drogas em rondas policiais, diz Ipea

Nota do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que negros são mais alvos de prisões por tráfico de drogas em caso flagrantes feitos...

Um guia para entender o Holocausto e por que ele é lembrado em 27 de janeiro

O Holocausto foi um período da história na época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando milhões de judeus foram assassinados por serem quem eram. Os assassinatos foram...

Caso Marielle: mandante da morte de vereadora teria foro privilegiado; entenda

O acordo de delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos contra a vereadora Marielle Franco (PSOL), não ocorreu do dia...
-+=