O vilarejo Rumo, em Cururupu, no norte do Maranhão, é uma das 300 áreas em conflito no Maranhão. De um lado, estão fazendeiros que reivindicam a posse da terra. Do outro, ficam os trabalhadores rurais que se dizem descendentes de escravos e esperam conseguir a titulação no Incra.
Cento e sessenta famílias que vivem no vilarejo se queixam de ter que pagar o que chamam de Foro, uma taxa cobrada pelos fazendeiros para poderem plantar na área. “Se eles fazem três paneiros de farinha, um é do dono da terra. E ainda tem as ameaças. Se não pagarem, eles não têm direito no outro ano”, diz José Maria Mafra, presidente da Associação dos Moradores do Quilombo.
Os quilombolas de Rumo conservam hábitos dos tempos das senzalas. O arroz, por exemplo, ainda beneficiado socado no pilão. A quilombola Rosalina Mendes Sousa diz que a vida na comunidade ficou mais difícil depois que a fazendeira mandou construir uma cerca de arame farpado separando o povoado.
Desde o ano passado, o movimento quilombola vem pressionando o governo federal pedindo agilidade nos processos de regularização dos territórios. Por quatro vezes o prédio do Incra em São Luís foi ocupado. O superintendente regional do órgão no Maranhão, José Inácio, falou das providências tomadas para atender as exigências dos quilombolas. “O planejamento é iniciar em torno de cem áreas em 2012 e a partir de 2013 a gente pretende atingir os 300 processos abertos na superintendência.
O Incra deslocou antropólogos do Pará, do Rio Grande do Norte e da Paraíba para ajudar a equipe do Maranhão no estudo das áreas quilombolas. Por enquanto, apenas cinco processos estão em análise.
Fonte: Instituto Luiz Gama