Religiões africanas promovem ato contra intolerância e racismo em São Paulo

O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa será marcado por Marcha. Concentração será neste sábado, 21/01, a partir das 15h, no MASP

Da Carta Capital

Foto: Olhar de um Cipó

O Dia Nacional de Combate à Intolerência Religiosa será marcado por Marcha. Concentração de religiosos e simpatizantes será neste sábado, 21/01, a partir das 15h, no Vão Livre do Masp, na Avenida Paulista – SP

 
No próximo dia 21, o povo de terreiro, movimentos sociais, coletivos artísticos e culturais, marcharão contra a violência que historicamente agride adeptos do candomblé, umbanda, e de outros cultos de raízes negras.

Sob o manto do estado democrático e de direito, a intolerância demonstrada das mais diversas formas não poupa ninguém. Aquele que pratica a injúria não tem um objetivo maior, senão o de dizer onde aquele que foi injuriado deve estar: no campo da invisibilidade. Combater a intolerância religiosa significa rejeitar o racismo como sistema de opressão e dar corpo e voz a uma parcela da população que vem sendo sistematicamente agredida em sua dignidade pelo cerceamento de direito de liberdade de culto.

A questão da liberdade de religião e de culto amplamente requerida pela população negra e pelos religiosos de matriz africana deve ser vista sob a ótica da afirmação e reiteração da identidade negra e de toda a sua ancestralidade. Negar esse direito, compactuar com esta lógica é o mesmo que permitir que os tambores continuem abafados e os adeptos das religiões de matriz africana permaneçam naquilo que o “outro” considera a sua senzala – não há democracia racial, como não há respeito à diversidade religiosa.

Em 2007, o dia 21 de janeiro foi instituído como a data de Combate à Intolerância Religiosa, em reflexão e memória da Ialorixá Gildásia dos Santos – vítima de um dos casos mais drásticos de intolerância que a história brasileira conheceu.

O crime começou em outubro de 1999, quando O jornal Folha Universal estampou em sua capa uma foto de Mãe Gilda – trajada com roupas de sacerdotisa para ilustrar uma matéria com título: “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”. Sua casa foi invadida, seu marido foi agredido verbal e fisicamente, e seu Terreiro foi depredado por evangélicos. A Ialorixá não suportou os ataques e, após enfartar, faleceu em 21 de janeiro de 2000.

Vista-se de branco e junte-se à luta contra o racismo religioso, pela liberdade de culto e por nenhum direito a menos!

Traga seus instrumentos, flores, dança, arte, cartazes, protestos, resistência.

Diga não aos retrocessos!

 

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