Ruy Duarte de Carvalho

Ruy Duarte de Carvalho

Biografia

Nasceu em Santarém, Portugal, em 1941. Passou a infância e adolescência no sul de Angola, acompanhando o pai, aventureiro português caçador de elefantes, nas suas intinerâncias pelo deserto do namíbe. Regente agrícola, foi criador de ovelhas caracul, mais tarde estudou cinema em Londres e antropologia em Paris, doutorando-se com uma tese sobre os pescadores da Ilha de Luanda. É atualmente professor na Universidade de Luanda.

Obra Poética:

Chão de Oferta, 1972, Luanda, Culturang; A Decisão da Idade, 1976, Lisboa, Sá da Costa; Exercícios de Crueldade, 1978, Lisboa, Publicações Culturais Engrenagem; Sinais Misteriosos… Já Se Vê…, 1979, Lisboa, Ed. 70; Ondula, Savana Branca, 1982, Lisboa, Sá da Costa; Lavra Paralela, 1987, Luanda, União dos Escritores Angolanos; Hábito da Terra, 1988, Luanda, União dos Escritores Angolanos; Memória de Tanta Guerra (Antologia Poética), 1992, Lisboa, Vega; Ordem de Esquecimento, 1997, Lisboa, Livros Quetzal; Observação Direta, 2000, Lisboa, Edições Cotovia;Lavra Reiterada, 2000, Luanda, Editorial Nzila.

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Chagas de salitre
Olha-me este país a esboroar-se
em chagas de salitre
e os muros, negros, dos fortes
roídos pelo vegetar
da urina e do suor
a carne virgem mandada
cavar glórias e grandeza
do outro lado do mar.

Olha-me a história de um país perdido:
marés vazantes de gente amordaçada,
a ingênua tolerância aproveitada
em carne. Pergunta ao mar,
que é manso e afaga ainda
a mesma velha costa erosionada.

Olha-me as brutas construções quadradas:
embarcadouros, depósitos de gente.
Olha-me os rios renovados de cadáveres,
os rios turvos de espesso deslizar
dos braços e das mãos do meu país.

Olha-me as igrejas restauradas
sobre ruínas de propalada fé:
paredes brancas de um urgente brio
escondendo ferros de educar gentio.

Olha-me a noite herdada, nestes olhos
de um povo condenado a amassar-te o pão.
Olha-me amor, atenta podes ver
uma história de pedra a construir-se
sobre uma história morta a esboroar-se
em chagas de salitre.(A decisão da idade)
Novembrina solene
Seu Zuzé, as tuas vacas como estão?

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Longe daqui
subimos os morros
Fomos procurar
a água que resta
do ano que passa.

Senhora Luna
a farinha?
Está secar
Tarda a chuva
seca o milho

A lavra não vai medrar.

Chimutengue, meu vizinho
então por cá?
Pois que vim te visitar
te avisar
que o meu gado vai passar
aqui por perto

Tarda a chuva e é preciso
procurar
o que lhe dar de comer
o que lhe dar de beber

O capim está ficar negro
está na hora de mudar.

Imigrante Silva, a tua mulher?

Está mal.
Que é do leite pra lhe dar
a carne pra lhe engordar?

E os filhos?

Estão magrinhos
doentados
vão ficar igual com o pai

Que é da escola pra lhes dar
sapatos pra lhes calçar
oficio pra lhe ensinar?

Dunduma amigo
companheiro Chipa
Zeca, Ernesto, Calembera.
olhai pelo gado.
Protegei os pastos.
Olhai pela vida das fêmeas
e pela saúde dos machos.

(No reino de Caliban II – antologia panorâmica de poesia africana de expressão portuguesa)

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A terra que te ofereço
Quando,
ansiosa,
pela primeira vez
pisares
a terra que te ofereço,
estarei presente
para auscultar,
no ar,
a viração suave do encontro
da lua que transportas
com a sólida
a materna nudez do horizonte.

Quando,
ansioso,
te vir a caminhar
no chão de minha oferta,
coloco,
brandamente,
em tuas mãos,
uma quinda de mel
colhido em tardes quentes
de irreversível
votação ao Sul.

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Trago
para ti
em cada mão
aberta,
os frutos mais recentes
desse Outono
que te ofereço verde:
o mês mais farto de óleos
e ternura avulsa.

E dou-te a mão
para que possas
ver,
mais confiante,
a vastidão
sonora
de uma aurora
elaborada em espera
e refletida
na rápida torrente
que se mede em cor.

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Num mapa
desdobrado para ti,
eu marcarei
as rotas
que sei já
e quero dar-te:
o deslizar de um gesto,
a esteira fumegante
de um archote
aceso,
um tracejar
vermelho
de pés nus,
um corredor aberto
na savana,
um navegável
mar de plasma
quente. (A decisão da idade)

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“Naquele ano a chuva foi excessiva e cresceram tortulhos”

Naquele ano a chuva foi excessiva e cresceram tortulhos no olhos dos cães. Os vitelos, ao espreitar a luz pelos sexos das mães, afogavam-se em lama, no meio dos sambos. As paredes das casas diluíam-se em nata e os oleiros desistiram de encomendar a sua obra a Deus. Enormes cuidados foram inventados para proteger o fogo nos altares e as crianças adotaram a nudez. As termiteiras deixaram de existir e as formigas aladas perderam as asas. Os pés dos mais velhos fenderam-se em chagas e as mamas das virgens, mal eram tocadas, colavam-se aos dedos como cinza úmida. Os lábios dos sexos das mulheres paridas inchavam carnudos de uma carne branca e os ventres pendiam como fruta mole.

Naquele ano a chuva foi excessiva e os horizontes deixaram de existir.

Choveu por muito tempo até os cães perderam todo o pêlo e as cabeleiras se destacarem como algas podres. O rei do Jau ficou colado ao trono e ao boi sagrado cresceram-lhe os olhos, que depois cegaram. As sementes grelaram nos celeiros e essa semente assim era servida aos homens e daí lhes ocorreu um tal vigor que os seus pênis cresceram desmedidos e os homens vacilaram, tendo-os nas mãos e mudos de fascínio.

A chuva choveu tanto que as serpentes saíram dos buracos e vieram alongar-se ao pé dos paus, mantendo com esforço as cabeças erguidas. Nas terrinas do leite vicejaram musgos e o leite das vacas alterou-se em soro,a coalhar na urina. Naquele ano a chuva choveu tanto que até nos areais cresceram talos e as enxurradas produziram peixe e até o ferro se lavou sozinho e os diamantes vieram rebolar nas pedras concavadas de moer farinha. As próprias aves morreram quase todas e apenas se salvaram as de penas brancas, que a distância atraiu, depois comeu. E aquela chuva aproveitou aos fósseis e houve minerais que se animaram e até pedras comuns a transmudar-se em carne.

Naquele ano a chuva choveu tanto que a memória perdeu todo o sentido. As gargantas entupiram-se de limos e as testas que os velhos pousavam nas mãos fundiam-se aos dedos e os braços às pernas e os gestos de graça fundiam os corpos e as jovens crianças ficavam coladas ao peito das mães. Só as bocas teimavam em manter-se abertas e quando mais tarde a chuva parou, das bocas saíram grossas aves negras que abalaram logo daquelas paragens. E a seca voltou e o mundo secou. A carne antiga a dar-se agora em terra, os fósseis em pedra e as ramas em húmus. E os passos poliram pouco a pouco as formas.

Naquele ano a chuva choveu tanto
que a memória nunca mais teve sentido. (Sinais misteriosos… Já se vê…)
Transmudação das águas
1

Não era
ainda
o tempo das manhãs lavadas
como noturnas cabeleiras negras
escorrentes e interiormente macias,
ou como o som de um galopar em chão de estrelas,
ou mesmo a cor
de um vinho novo contra o sol.

2

Era o mato,
a mata,
a cor lisa da pedras
e das ramas,
o espinho raso,
a sombra inacessível,
o bruto e agreste piso.

Era a acácia,
rara ampola de umidade verde
concentrando
o derramar espinhoso da temente sede
nivelada
na escura sucessão das copas baixas.
A interminável dimensão do Sul
e pó.

3

Era um mês de nuvens baixas,
volumosas e ocas,
um mês de madrugadas curtas,
já pesadas,
e manhãs de céu palpável,
cinzento e rente.

Era o mês do extremo esforço das ramagens,
das derradeiras hastes
quebradiças ao vento.

O mês das migrações
tardias e arrastadas.
Mês de tributo às águas:
o sacrifício imposto,
a seleção do débil,
do cedente,
do mais pungente olhar brilhante
encastoado na latente anhara
como brasa
derradeira e longa,
entre a cinza
de um ritual de obrigação cumprida.

Era um mês de charcos negros,
elaborados
em profundo rasto de noturna busca,
silêncio e espera.
O mês das derradeiras umidades.

4
Era Novembro,
um mês de cargas raras.
úmido ardor,
goma indecisa,
sobressalto de ar.
De atenção às nuvens e à direção do vento,
consulta às luas e à ligeira referência
de um alado brilho de inseto,
precursor
de um Novembro a derramar-se em suave chuva.

Porque Novembro
o mês difícil, é também
o da mais breve primavera.
Escasso deslize
da mão da tempestade.
5

É tímida porém
a consentida chuva
e apenas nos detém a desmedida sede que governa
o percutir dos corpos coletivos
sobre as pedras,
e as pedras nas vertentes,
e a inquieta direção de um gesto
na mineral lisura.

6

Novembro
não é mais do que uma
lua solta sem raiz no Leste,
sem poder para embeber a terra
e anular-lhe
a face empedernida e velha.

Mal se desloca a sombra
na paisagem
e as hastes permanecem vegetal grafia
a destacar-se
num céu aquém de encostas confundidas.

E nem anula o pó
do trote das manadas
à volta das cacimbas,
e nem os animais ainda aspiram
urgência de viagens.

A chuva de Novembro
traz a marca
da podridão latente
(o que escurece
o grão da perspectiva,
acama a derradeira espiga
preservada
e marca de impotência
o som redondo
que se projeta curto).

7

Cansa olhar
ondulações sem brilho.
A claridade crua
de um sol que se não vê.
A próxima matéria
de um céu sem altitude.
A contenção do gesto
e das funções.
O navegar a mais serena ausência de contorno,
o chão sem som,
a sombra sem azul,
o ar sem eco,
sem fibra,
sem chicote.

8

Depois,
a pouco e pouco
decanta-se o alvoroço
e muda, em nós,
a direção do vento
vespertino.
O cacto agradecido
espiga já
e amadurece a flor
mais reservada
e rara,
rubro espinho cravado
na teimosia opaca
do dorso de Dezembro.

A nitidez das serras
denuncia
o altear das brumas.
E os dias de Janeiro,
renovados de vigor continental,
sucedem-se cada vez mais jovens,
dando-se as mãos na noite seca
e percutindo nela
o brusco estralejar da lenha seca,
o gume-instante da labareda esguia.

9

E perdem-se animais
ao pôr do Sol,
e chegam cães de longe
a farejar a espera,
e os rebanhos unidos
são mais lentos
e alongam as mil patas
num caminhar dorido
e delicado.

As vozes simplificam-se
e as visitas
são mais longas, mais serenas, mais alheias.
A terra espera unida aos animais
e à gente e à obra: as mãos
as orações e a alegria.
Os corpos surgem nus
e os pés descalços
e as mãos são magras
e dorme-se ao relento.
E o cheiro das manadas
monta a brisa
para polvilhar a noite
de um pó de ouro em que faísque
o sol da madrugada.
E se arredonda, em gotas duradoiras,
o derradeiro orvalho da estação.

10

O ar rareia
e o gesto
não se mede;
os passos são de leve
e o pó mais fino;
os charcos são de pedra
e os trilhos rangem.
Perdem-se as asas
sem atingir o céu
e a lua tomba, em cada noite,
cheia, no regaço das vigílias.
E as estrelas são de brasa, são de vidro
ou diamante.

11

Porém se o tempo pára
as serras se avizinham
e o vento é leste e a manhã sonora;
se os homens se despedem das mulheres e abalam
sem destino,
os cães trotam e latem receosos
e os animais bravios
não se ocultam;
se o mar se ouve ao longe
e os comboios
nos vêm recordar
o cansaço desmedido das viagens,

12

talvez esteja prestes
a pureza
da lua fevereira e decisiva
e baste
um vegetal estalido de mucosa
para rebentar,
em águas,
toda a prenhez do céu
num gesto muito simples
de parto extemporâneo e fácil.

Um brando golpe a declarar
cumprido
o tempo
saturado
da combustão da espera
intemporal e aceite,
uma madura sapiência
de olhar líquido
vertido no horizonte
para embeber-lhe a sede.

13

Talvez até
(porque se arrasta
desmedida
a calma e aguarda
a lua negra e nova)
um ato de mistério
venha arder
na puríssima e última alvorada:

um estupro; um crime;
em ai de carne acesa, penetrada,
que vá verter-se
em bocas deslumbradas de crianças;
a morte de um profeta;
a entrega oferecida de uma fêmea menstruada
que esconda em si um útero de espinhos
e um destino de exílio.

14

Em verde estala então a estação crua
que desponta em branda nata
e se povoa
da coletiva sede transumante.

15

Caldeira ressequida
a terra aceita a chuva
que lhe dissolve incrustações remotas.
E em alternada projeção de luz
o céu descobre o sol
e lhe arremessa
o peso imenso de uma nuvem baixa
a vomitar-se em espasmos
de ensossa claridade fluida.

Horizontal e calma
a terra aceita a chuva
que lhe dissolve o cio
e lhe penetra
a natureza funda fecundável.
Transmuda-se a macheza do horizonte
e desabrocham lábios
de avidez passiva.
Ovulações guardadas,
animadas pela surpresa
de um reviver festivo,
breve se animam, jovens, resolutas,
para aninhar em si uma semente achada,
anônima aventura
de ansiada entrega.

16

Fazem-se os rios,
despontam os capins,
passam rebanhos
e cruzam-se recados de água achada.
Seguem-se o rasto de mensageiros
demandantes de outras pátrias para os seus gados.

Atingem-se murmúrios de manadas,
sofreguidão liberta a derramar-se em dambas.
Despertam-nos vagidos de recentes crias
paridas coma água pelos caminhos
e o seu olhar serve de espelho ao verde
de que se faz o leite a derramar-se
farto
na áspera ternura dos seus beiços.

Cortinas
de excitante e odoroso cio
tolhem a ,archa cega de corpos luzidios
para embeber pulmões e enrijecer
a quadratura sólida dos machos
donde escorre a nata
espessa, excedente
e nacarada,
que redime a espera ultrapassada.

17
E faz-se gorda a terra
e lhe estremece a carne-madre farta,
contente e abundante,
saciada,
bem parida e já refeita,
acarinhada.
Sobram quindas de mel pelas vertentes

E o peito escorre, generosos e alto.
Dorme a terra em verde e luz
imensurável mesa de um anual banquete
que festeja
a imanência fêmea e mãe
da natureza.

18

Que corajosa ação,
explosão, renúncia, desmedido voto,
haverá, ainda assim, para deter
a cósmica e divina translação
que oferece o dorso largo
ao renovar da sede?
Das luas em cadeia se liberta
a cáustica aspersão
que extingue o verde
extemporâneo e baço já.

À estepe cabe a capa de uma austera cor,
A míngua de água,
A face dada à brisa seca,
O caminhar de leve
Entre o quebrável.
O recordar das pistas
de outras águas,
de outras noites.

À estepe cabe a esfera do ruído
que antecede o tempo,
um deslizar vital,
um perigo que se instala nas montanhas
e desce alturas cavalgando o vento,
a extrema segurança da vontade,
a estrema insegurança da atenção,
a sólida aridez essencial,
a fácil madrugada navegável.

19

Porque o deserto é macho
e avaro do gesto
e se projeta em julho
triunfante
tangendo os seus rebanhos transumantes

Que vota ao céu
de novo couro seco
e à lua,
que detém as águas
e ao vento,
domador da anhara
e à noite setembrina,
propícia de loucura e de uma irreversível
votação ao sul.(A decisão da idade)
Fala da rainha de regresso ao Kimbo
O capitão chegou
viu e venceu.
É a sua força
de matar-me os homens.
Minha porém, maior,
é a ciência
de entender os astros.
à mão que fere e mata
oponho uma colheita de segredos.
A terra é minha
e dela me entronizo.
às gerações delego
a reconquista.
O tempo que me serve
é de outra cor
e o sol decidirá
a cor do mando.

Irmãos ouvi-me bem
eu sou rainha.
Quem vos governa os corpos
saberá
das outras heranças
para que me guardo.

De que futuro pode haver temor
para quem tanto acumula de passado? (Memória de tanta guerra)
Fala da Rainha para Bento Banha Cardoso
Antes do mais sou fêmea
e vós sabeis
que uma mulher dispõe
de outros recursos.
Para vosso desfavor
eu sou mulher
e rei
cabo de guerra
e negra.

Respondo pela voz de fêmea:
– aspiro a ver-vos rendido.

Respondo pela voz do povo:
– o povo quer-vos vencido.
Pela voz das tropas respondo:
– apraz-me ver-vos em fuga.

Respondo pela voz da raça:
– a raça quer-vos humilde.
A guerra é sem quartel
capitão-mor
e se eu morrer sem ver-vos
de abalada
hei-de parir quem cumpra
essa alegria. (Memória de tanta guerra)
Fala da Rainha exilada na Matamba
Deste reino vigio
a vossa andança.
Distantes de seu fogo
soi-lo vós
eu estou em casa.
Sou livre ainda
e se ora aqui me instalo
é para vos trazer
sempre em cuidado –
que entre os meus moro
e piso a terra minha
enquanto em vós…
divide-se a lembrança
entre outras terras
e o medo de não mais
poder pisá-las –

Eu se morrer
ao menos morro em casa.
E vós?
Não deixareis aqui
junto com as armas
vossas ossadas que afinal não são
mais brancas do que as minhas
que sou negra? (Memória de tanta guerra)
A gravação do rosto
Na superfície branca do deserto
na atmosfera ocre das distâncias
no verde breve da chuva de Novembro
deixei gravado meu rosto
minha mão
minha vontade e meu esperma;
prendi aos montes os gestos da entrega
cumpri as trajetórias do encontro
gravei nas águas a fúria da conquista
da devolução do amor.

Os calcários e os granitos desta terra
foram por mim pesados.
Dei-lhes afagos
leves olhares
insônias longas
impacientes esperas.

O zinco dos telhados cobriu-me solidões
e esperanças que tu sabes.

Esperei por ti
Bordei-te flores nos canteiros do céu
abri-te valas, semeei-te milhos
pari colheitas de searas vãs
abri os dedos, semeei calhaus.

Espremi a terra e fiz-lhe água nascente
povoei prados de criaturas doces
ergui torres, girassóis gigantes
dei vida e morte, vi nascer, morrer.

Aqui reinei, julguei, plantei videiras
caminhos, grutas de vestígios
colhi olhares de animais bravios
deixei aos dedos aladas liberdades.

Empilhei madrugadas de atenção
disparei molas, carabinas frias
de traição ao vento.
Combati silêncios, instalei trincheiras
de perdão. Recebi recados de mongólias vastas
acendi fogueiras
para sufocar o medo.

Aqui sonhei europas, verdes ásias
cidades de cristais, antárdidas caiadas
daqui refiz a lua de astronautas;
contei estrelas colhi algumas
para dormir com elas.

Aqui ejaculei delírios verdes
que a madrugada insinua e vence.
Aqui colhi primícias de virgens escandinavas
e coroei outeiros e o meu sexo
com as suas tranças de ouro.

Saltei de monte em monte
e naveguei o ventre do deserto
assinalei o umbigo do mundo e plantei setas
apontando o sexo fundo da terra.
Beijei a carne universal e úmida de uma fêmea em cio,
menstruada.

Aqui me dei, aqui me fiz
desfiz, refiz amores.
Aqui me embebedei e vomitei o espanto.

Daqui abalo hoje, parido para o nada
apalpo a água
afago um bicho
ordeno qualquer coisa
e vou.(Memória de tanta guerra)
Memória da guerra em julho
1

É preciso que aconteça numa manhã sem sol e sem
recurso para o cansaço que o corpo traz da noite. É preciso
também valorizar o medo. Dizer assim, talvez:
– a guerra continua, dormi a noite toda
e a guerra continua.

Uma luz como a de outubro surgirá em julho.
Atingirá as formas como se as formas a desconhecessem,
como se até aí fossem rocha apenas sobre as areias que há
[no mar profundo
e não soubessem nada do seu próprio corpo
e a luz as dissolvesse numa excessiva sobre-exposição.

Vem declarar, num instante, a anulação completa das
[idades.
A progressão da luz e a regressão da forma.
A dissolvência, em suma.

Os contornos estão perdidos para sempre. Agora é a memória,
memória, a madrugada, a opacidade imaculada do silêncio.
Esta era a profecia. O retrato fiel do fim do mundo.

2

É já apenas só uma memória.
Falo da luz que irradiava dos cadáveres
e das águas fermentadas que os continham.
Havia um frasco, enorme.
Crescera desmedido para albergar compassos de uma guerra longe:
os ecos todos dos obuses todos
os glaciares do medo nas arenas do norte.

À volta uma manhã que era já quente, a luz rente de
outubro, a iminência da dissolução.
E havia o frasco, um frasco enorme, prismático e aberto,
retendo o amarelo de uma água velha,
matéria a mais propícia à gestação dos limos e das algas.
À tona alguns cadáveres, o ventre exposto, inchado e branco,
alguns também retidos na verdura
e os olhos sobretudo, provocação soberba da miséria.
Quando isto aconteceu eu era muito novo
e sem recursos para iludir surpresas.
Mais tarde atravessei cidades mortas
Não as temi. (Morte ou memória? Como entendê-lo agora?)

3

Os pequenos dragões puseram a gravata, ajustaram ao corpo a couraça do orgulho, consultaram num instante a cartilha da paz, e vieram para a rua comandar a guerra. A ordem de batalha está completa: o cancro explodirá
Pela madrugada. Nem as franjas da noite estarão bastante longe. A flor do eco, que abre nos peitos um lugar para a sede, oscilará suspensa no silêncio,
assegurando o gangrenar da aurora.

Os pequenos dragões esbracejam na penumbra. Estendem o braço para afagar o ferro e aferem, um a um, os potentes instrumentos da confiança. Os pequenos dragões estão sobretudo ansiosos. Exibem, varonis, a ereção da voz e arremetem-na de encontro à multidão para fecundar-lhe o embrião da raiva.

A aranha é instalada nos baldios da fé. Assenta o peso sobre a carne incauta e crava as garras, para se afirmar, na oferta abdominal das hostes seduzidas. O ferro arranca vivas de prazer. Entre dois crânios grandes um pequeno, de forma a que não haja qualquer falha e se edifique um piso só de crânios. O aparelho vive de equilíbrios.

Os pequenos dragões não podem mais. É tempo já de acometer a noite. As condições propícias estão criadas: há já um cio para umedecer o medo. Sejamos fêmeas para a ereção da armada. Do som haverá luz e das brechas da carne escorrerão manhãs.

O sangue, hoje, é dos outros.

4

Acordas ansioso por saber das grinaldas que o sangue abriu na noite. Enfrentas a manhã nua e devassa como a parede branca a que se rasga a forma de um cartaz antigo. Caíram os tapumes da confiança e eis presente, como nunca adversa, a geografia cada vez mais tensa. Vês a língua de areias servida de outra luz. A memória sumiu-se, cristalizou nos ecos. A gestação do medo arruinou as horas.

Ensaias o andar antes sabido. Apenas expões a pele sem que o contorno do teu velho corpo revele indícios do que lhe vai por dentro. Reinventas no mundo a implantação do vulto, lavado agora das razões seguras. Estar vivo e acometer a claridade implica a vocação de afeiçoar o corpo à praça imposta. Há uma maneira apenas de enfrentar o frio. É transportar, por dentro, o mesmo frio. Não fere, a decisão, muito para além das decisões alheias.

5

Nada mudou para quem delega a glória.
Nada é tão grave que nos impeça os corpos.
Estamos aqui, sentados, sabendo que o conforto é só cá dentro e a casa é cheia de alegria e festa e a carne é fresca porque viva e alheia à carne longe, retalhada e fria. Somos de fato, em nosso apuro e com o nosso dote, uma versão apenas indecisa do nó que nos habita bem no centro. Rapazes, raparigas,que cada um empunhe a flor oculta para inseri-la entre pernadas jovens.

A morte longe enquanto nos arder à flor da boca esta atenção pela florações dos outros.(Memória de tanta guerra)
De como os Europeus, no Séc. XV, violaram o sudão ocidental
As colunas quebradas, que é tudo quanto resta das catedrais antigas, estão projetadas contra o fim da tarde. A cidade está morta. E nela a ausência deu lugar à luz de um chão vermelho, exausto de derrotas e de perpétua entrega.
Há uma fadiga imensa na paisagem toda. As casas são de terra, todas baixas, e é muito extensa a sucessão dos tetos. As paredes refletem uma cor madura que é dos frutos sãos quando se apuram num lento esmorecer, expostos ao sol. O mar é uma tolha posta a prumo aonde brilha a pincelada larga das correntes frias E o céu escurece, desde aqui ao mar, premeditando tenebrosas gestas. As colunas estão nítidas e próximas. Há nelas a memória de uma figura esguia que repartiu pelo mundo a sua inquietação e foi deixando a marca do que lhe estava para além da carne. Só a ruína lhe desvenda a essência.

Os capacetes brilham na ladeira. São os conquistadores que tudo ignoram, a progredir num chão que os desconhece. As armaduras tinem, percutindo o esforço. São cavaleiros sujos, descuidados, batidos pela ausência, temerosos do tempo, mudos de estranheza. Penetram nas casas e ressurgem tensos. Nas mãos trazem despojos de indeciso uso. Ensaiam movimentos que os definam, extraem-lhe sons que os tornem praticáveis.

Um mancebo sereno vem junto com a tropa. Desdenha o saque. Do cimo da ladeira dilata em volta um gesto de atenção. Virado ao mar, recua agora em direção ao templo. Volta-se breve e pára para erguer a fronte e receber no rosto a saturada luz do fim da tarde. Tremem-lhe as pernas e descobre o peito que é branco e plano como um portal antigo. Um princípio de ventre denuncia a carne.
Ajoelha-se humilde na escadaria limpa. Deixa que as vestes tombem para revelar-se nu. O rosto exprime a rapidez do encanto. Verga-se dócil para beijar a pedra. Em silêncio vem vindo um cavaleiro adulto. Liberta o corpo
da armadura fria e acomete ereto aquele carne branca.Escorre um caudal de choro pela vertente. (Memória de tanta guerra)
“um gesto apenas bastou…”
um gesto apenas bastou para suspender os discursos. A surpresa foi geral. Ninguém vivo ainda vira um gesto assim desenhado. Mas a memória sabia que um gesto assim decidia da sorte dos homens vivos, e alguém diria, mais tarde:

eu vi o rei, de um só gesto, ditar o tempo de luto.

Os mais velhos entenderam e as trinta mulheres presentes afastaram-se caladas para ocultar com carvão os sinais da juventude. e o mensageiro real, paramentado a rigor com as próprias vestes do rei, abalou, na mesma tarde, par dilatar a mensagem. em cada casa que entrava não passava do portão, e se as crianças falavam alheias àqueles sinais, os adultos estremeciam e corriam a erguê-las de encontro ao sol para sanar o crime de tais palavras. a partir daquele momento no país só se ouviriam as cordas dos instrumentos e o canto dos trovadores. estava o luto decretado não pela morte mas pela vida de um rei sábio mas cansado. o coito foi interdito. e algumas mulheres morreram porque no seu ventre havia a fome de uma serpente que à falta de outro alimento lhes devorou as entranhas. e só era cultivado o que bastasse ao sustento das bocas dadas ao luto e ao esforço do crescimento.

e enquanto o rei não morreu da decisão de morrer os trovadores procuraram repor a ordem no mundo. acorriam à ombala de toda a parte, a tocar. e cada um
traduzia as causas da infelicidade que lia em si para dizer da infelicidade real. o tempo foi penetrado pela expressão dos que sabiam e a memória modelada no gênio dos mais dotados. os pastores vinham de longe ouvi-los de madrugada para repetir no trabalho as trovas mais conseguidas. e muitos homens comuns fizeram da ereção uma força para cantar. e as mulheres para dominar o desejo acumulado puseram todo o vigor na dança até recriar os movimentos da origem.

o dia sedimentava o que a noite efervescia. e o país foi fecundado pelo cantar do povo todo. então quando a poesia conquistou todos os sons e a linguagem estava grada de poder e juventude, e de invenção e de origem, o rei pediu para beber o veneno mais real. e perante o cantar alto dos guardiães da palavra despediu-se desta vida em silêncio para entregar o verbo recuperado ao seu
povo e ao sucessor. (Sinais misteriosos… Já se vê…)

_________________________________________

Profecia de Nakulenga

(origem Kwanyama)
Algo de estranho se agita nas águas
algo de estranho se arrasta na terra.
Era longe, ficou perto, agora é cá.
E o povo já foge.
Talvez até caia
um pau de omuhama
na estrada a indicar que para o rei
a morte vai chegar
a vida é breve.
Eles vêm de um país muito distante
e trazem para dizer coisas diferentes
que é preciso avaliar com atenção.
Cruzava o país e dos nobres eu via
os ricos currais.
Renovo a viagem

e que vejo agora?
Dos nobres agora não vejo os currais
mas vejo dos brancos
suas construções.(Ondula, savana branca)
Canção de guerra (origem Kwanyama)
O covarde ficou
voltou para trás
agiu de acordo com a mãe.
De nós porém
bravos homens
muitos morreram
porque lutaram.

(chora a hiena
chora
a hiena chora)

O nosso camarada jaz no chão
não dormirá conosco.
Ali o deixamos
pernas e pés na berma da estrada
a cabeça tombada
no meio da rama.

Soldados de Nekanda
conquistadores de gado para Hayvinga
filho de Nasitai:
somos rivais em casa
pelas mulheres.
Na guerra, na floresta
somos da mesma mãe. (Ondula, savana branca)
A fome (origem Kwanyama)
Quem pouco fala não diz nem bem nem mal
e o morto, no caixão
não tem voz ativa.
Tu, quando falas
matas os da cobra
e os da hiena
vão para a sepultura.

Para que nós, na desgraça, não roubemos
para que nós, viajantes, não roubemos ninguém
Senhor, Deus de Nangobe
dá-nos a chuva.
Avô dos miseráveis
Mãe dos pobres
Tio dos famintos
Mãe, Avô e Tio dos que caem nos caminhos da fome
faz sair a chuva
faz crescer os mantimentos
inunda-nos com a tua água.

Ajuda os pobres, Deus de Nangobe.
Cai chuva
e traz-nos a bênção
do canto das rãs.
Aonde dorme, a chuva?
Na figueira da Haudila?
Nos grandes paus de Solela?
Eu queria o vento.
Eu queria a tempestade
e a faísca que levanta
pela raiz
a pequena palmeira.

Rei Mahondi de Mwaeta
soberano Kahondi do Muvale:
Senhor!
O calor já está a prolongar-se.
A massambala seca
a semente definha
e a rama murcha.
A fome aproxima-se, Senhor!
A seca já chegou às nossas portas
e até já se instalou em nossas casas.

Levou alguns para a lagoa
outros foram para o Lubango.
Não há para onde fugir
quando se é presa da fome.
A fome é filha das feras
está no teu estômago e diz:
vai roubar, vai roubar.
Os seus cornos são agudos e direitos
mais finos do que azagaias.
Não deixam marca
nem ferida nem chaga.
Oh meu boi magro
quando a chuva morre
não há casa que não faça o inventário.
Luto pesado! (Ondula, savana branca)
Ferreiro
e então pensei: este ferreiro aqui a trabalhar o ferro, senta-se assim numa pedrita baixa e tem dois foles mesmo à sua frente, sai-lhe das pernas um canal comprido, maneja as varas para empurrar o vento, o ar circula pelo tubo adentro e vai verter-se na fornalha acesa, eis um ferreiro entregue ao seu labor, eis uma coisa antiga, sim senhor.

e então pensei: este ferreiro assim na posição que tem, sai-lhe das pernas um canal comprido, masturba as varas para empurrar o vento, verte-o – de que linhagem vens?
e ele respondeu, de costas:
– o meu sopro é o do metal.
afasta-te, mulher, que uma palavra minha pode gerar-te um crime.
postou-se nu perante a tempestade para embeber-se do poder do fogo.

e ouviu a voz de um morto que dizia:
– o teu desejo pede mais que a carne.
extinguiu-se em ti a exaltação das virilhas.
és aprendiz de Deus, semearás pelo verbo.
o pensamento, em ti, há-de escorrer pelos braços
e ele é tão puro que incandesce a terra.
trabalha a pedra.
da tua entrega acordarás fecundo
para inaugurar uma linguagem nova.(Sinais misteriosos… Já se vê…)

_______________________________________-

Última estória

I

buscou assento na pedra
e olhou para dentro da fresta
donde a torrente saía
a serpente sairia.
fez da laje a cama quente
para o seu coro quente e liso
na pele da pedra a lisura
de outras antigas entregas.
ajeitou-se para dormir
fechou-se a noite em seu sono:
no alto a lua propícia
ao tempo que está para vir.
luz da lua:

deus a muda
ou deusa muda?

II

em cada nascente tem
uma serpente que a guarda

que aguarda a noite e
interrompe
o permanente labor
de a libertar de areais
para vir alongar o corpo
junto ao corpo de um rapaz
que sonha que é virgem-fêmea
preparada para se dar.
guarda de águas:

quem a guarda
quem a aguarda?

III

e a serpente interrompeu
o seu labor social
para vir enlaçar o corpo
com a fêmea que a lua dava.
a longa noite das águas:
corpo-a-corpo, línguas mansas
no coração e no ventre.
águas há que só se alongam
no tempo que as luas dão.

IV

e quando a lua sumiu
e a bruma se fez no frio
dos lençóis da madrugada

devolveu-se aos areais
a serpente que os limpava
e o rapaz voltou para a casa
que era a sua e abandonara.

V
mãe das águas para vaza-las
nos olhos que a sede vaza
semeava o verde à volta
do seu corpo transmudado.
levava em si a nascente
que a serpente lhe gerara:
verde virava a secura
em que o seu olhar poisava.

VI

saiu pelo mundo a repor
as luas no tempo delas:
a da seiva, a da semente
a que faz tremer as folhas
a das raízes poupadas
a da flor(que é a do fruto)
e a dos caminhos fechados
pelas searas sazonadas.
a da última verdura
e a da marcha da secura
a do vento que é menor
e a do vento que é maior
a da pequena carência
e a dos pastos já queimados.
depois de novo a da seiva
a da semente e as mais
todas no tempo que é justo
e que assegura a fartura
do tempo que há para cumprir.

VII

cumpriu tudo até ao tempo
da lua que se acrescenta
ao tempo
para indicar
o tempo que está para vir.
e então mais cedo que a estrela
que acompanha o caçador
saiu de novo da casa
que era a sua e a que voltara

VIII

e num lugar que era seco
entrou numa fenda aberta
donde a água não brotava
e ali fez-se uma nascente.
era agora uma serpente
que velava pelas águas
de uma torrente nascida
como as outras mais antigas.

guarda de águas:
quem a guarda
quem a aguarda?

IX

e quando o mundo secou
de novo a pedir alguém
que fecundasse o luar
com as águas do seu olhar
sentiu a nova serpente
que na laje lisa e quente
da nascente que guardava

um rapaz adormecera
fatigado de luar.
no alto a lua propícia
do tempo que está par vir.

X

e a serpente interrompeu
o seu labor social
para vir alongar o corpo
junto ao corpo do rapaz.
a longa noite das línguas:
águas há que só se alongam
no tempo que as luas dão.
luz da lua:

deus a muda
ou deusa muda?

XI

e quando a lua sumiu
e a bruma se fez no frio
dos lençóis da madrugada
o rapaz voltou para a casa
que era a sua e abandonara.
verde virava a secura
em que o seu olhar poisava. (Sinais misteriosos… Já se vê…)
“Das águas que o rino escolhe…”
Das águas que o rino escolhe
da pedra a que o vento encosta
do unto a que o tempo obriga
dos sais que a estação abriga
do pasto a que o gado aspira
da lua em que o vento vira

Não há pastor que não saiba.
Não há pastor que não saia de alguma curva da infância.

Poemas escolhidos por: Profª Neide Carvalho

Da Escola Escola Estadual Prof. Almeida Junior

Jardim Esmeralda – São Paulo

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