Saída do Olodum, no Pelourinho, tem protesto contra assassinatos de jovens negros e Lei Rouanet

Evento tradicional da folia de Salvador, a saída do Olodum, que ocorre todas as sextas-feiras de Carnaval, foi bastante movimentada este ano. 

Com bonecos gigantes do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, do atacante do Barcelona Neymar, além de mensagens de protesto contra a Lei Rouanet e os assassinatos de jovens negros no país, o grupo formado por 1.500 foliões saiu do Pelourinho com destino ao Campo Grande para cumprir o trajeto de dois quilômetros de desfile.

por GABRIEL CARVALHO do Alalaô

Em tom de desabafo, o presidente do Olodum, João Jorge, afirmou que o bloco, que em 2016 completa 37 anos, tem dificuldades em obter patrocínios da iniciativa privada, pois “a Lei Rouanet só atende o interesse das empresas e não procura incentivar a cultura, necessitando urgentemente de uma revisão”.

Jorge também disse que, neste ano, o bloco inicia uma nova fase: desfilar para o folião pipoca, sem a necessidade das cordas que os separam dos associados. “Teremos um dia sem cordas, pois é necessário democratizar o carnaval”, avalia.

Ele também lamentou os dados do Mapa da Violência, segundo os quais, dos 30 mil jovens assassinados em 2012, 77% eram negros. “São pessoas que poderiam ser resgatadas.”

Vestidos com roupas que simbolizam o grafismo da arte popular, os integrantes do Olodum abusavam das cores e também homenageavam a indumentária indígena.

O batuque forte e a sincronia dos tambores e atabaques pareciam mexer com os adeptos do bloco. Um grupo de quatro estrangeiros saiu da cidade de Valdivia, no Chile, enfrentando mais de 30 horas de viagem para ver a banda. “Conhecemos o Olodum pela internet, mas pessoalmente a banda mexe com todos os sentidos. Valeu a pena enfrentar 22 horas de estrada e oito de voo”, afirmou o comerciante Patrício Perez.

A enfermeira Sindy Garcia disse que estava impressionada com a quantidade de tambores. “É um bloco que consegue unir africanos, sul-americanos e europeus num só ritmo”, disse.

A baiana Cristina Santos, que acompanha a trajetória do Olodum há mais de 30 anos, disse estar emocionada e agradecida de acompanhar mais um desfile.

 

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...